quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CURSO DE FITOTERAPIA PARA GINECOLOGISTAS


A Dra. Ceci Mendes Carvalho Lopes, Doutora em Ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, preparou um curso de Fitoginecologia para Médicos Ginecologistas. A razão, além do conhecimento científico robusto no assunto, é a inclusão  de vários fitoterápicos no Sistema Único de Saúde, como medicamentos complementares  ao arsenal tradicional já em uso.

ADVERTÊNCIA:
EVITE A AUTOMEDICAÇÃO .  CONSULTE SEU MÉDICO.  FITOTERÁPICOS, APESAR DE ORIUNDOS DE PLANTAS NATURAIS, NÃO SÃO ISENTOS DE EFEITOS COLATERAIS, CONTRAINDICAÇÕES E POTENCIAIS DANOS A SUA SAÚDE.
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Politica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

Ceci Mendes Carvalho Lopes

            Muito se tem discutido sobre a utilização de métodos tradicionais de tratamento em diversos problemas de saúde. Há práticas consagradas pelo uso popular, pela tradição, pela observação diária, embora nem sempre apoiada em apreciação com fundamento científico. A opinião da classe médica é de que devem ser avaliadas cuidadosamente, pois, não havendo uma avaliação científica, a confiabilidade é posta em questão.
            A Organização Mundial da Saúde pôs o tema em discussão há bom tempo,  e também o nosso Ministério da Saúde não ficou alheio a essas práticas, colocando em discussão o seu uso. Foram feitas propostas e o assunto foi abordado, inclusive em pesquisa pública.

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            Em 3 de maio de 2006, foi publicada portaria número 971 do Ministério da Saúde, instituindo o programa da Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares1, em que, de acordo com ditames da Organização Mundial da Saúde, se regulamentava o uso de práticas ditas complementares ou tradicionais de terapêutica, como a acupuntura,  homeopatia, a crenoterapia (ou termoterapia) e fitoterapia. Junto à mesma portaria, foi publicado um anexo em que, quando se menciona a fitoterapia, relata uma sequência de atos que incentivam o uso terapêutico das plantas medicinais, desde a conferência de Alma Ata, em 1978, pela ONU, como relacionando documentos brasileiros, desde a década de 80, que culminaram com essa portaria.  Em 26 de novembro de 2009, outra portaria, a 2982 do Ministério da Saúde, regulamentava o uso de vários medicamentos, incluindo 8 plantas medicinais (soja, unha de gato, garra do diabo, alcachofra, cáscara sagrada, guaco, espinheira santa e aroeira)2. Esta portaria foi revogada, através de nova portaria regulamentadora, a 4217 de 28 de dezembro de 20102, na qual permaneciam as mesmas plantas, porém se estabeleciam novas diretrizes de assistência farmacêutica, implicando normatização de produção, aquisição, etc.
            Concomitantemente, o Ministério da Saúde e a ANVISA lançaram manual esclarecendo e incentivando a pesquisa com produtos vegetais, enfatizando a flora brasileira3.
Em 28 de março de 2012, a Portaria MS nº 533, que instituiu a nova Rename (Relação Nacional de Medicamentos-2012), incluiu mais 4 medicamentos fitoterápicos industrializados: Babosa (Aloe vera (L.) Burm. F.); Hortelã (Mentha x piperita L.); Salgueiro (Salix alba L.) e Plantago (Plantago ovata Forssk.)4.
            Esses atos governamentais propiciaram a aplicação do tratamento fitoterápico em pacientes atendidos pelo serviço público de saúde. No entanto, essa normatização prevê o uso de um enorme leque de diferentes formas de tratamento, desde a aplicação de práticas tradicionais até o uso de fitomedicamentos, produzidos com toda a tecnologia farmacêutica.
Um dos principais problemas na aplicação do programa é a falta de conhecimento sobre fitoterapia pela maior parte dos profissionais de saúde, além do grande preconceito sobre esse vasto campo. Para tanto, o próprio Ministério da Saúde, no decorrer de 2012, ofereceu curso à distância para médicos que atendessem pelo SUS, no qual se matricularam 300 médicos. Essa primeira turma já se encerrou, mas tudo indica que a iniciativa terá sequência, com outras turmas.
            Foram também disponibilizados para uso na rede pública os medicamentos  desenvolvidos com essas plantas, produzidos pela indústria farmacêutica brasileira e aprovados pela ANVISA.Os municípios que queiram aderir a aquisição de fitoterápicos assinam um termo e o ministério repassa verbas de incentivo para aquisição daquelas plantas definidas na portaria.
A responsabilidade para normatização, assinatura do termo de adesão, aquisição e dispensação dos mkedicamentos é da gerência de assistência farmacêutica das secretarias de saúde que também deve discutir e normatizar a relação  dos medicamentos fitoterápicos-REMUMEFITO-  Relação municipal de medicamentos fitoterápicos .

Uma das cidades que já tem um programa de fitoterapia estabelecido há alguns anos é Vitória (ES). Foi constituída lá uma Comissão municipal de medicamentos fitoterápicos e homeopáticos para validar e definir através de documentação os prós e contras sobre a padronização dos medicamentos e plantas medicinais.
Existe verba aprovada para a compra de fitoterápicos.
Os gestores locais é que decidem se compram (a população pode e deve pressionar).
       As instruções para os gestores comprarem estão no link abaixo:

http://www.conasems.org.br/files/09h_Katia_Torres.pdf

Referências:
4-http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0533_28_03_2012.html

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·Garra do diabo
(Harpagophytum procumbens D C)







Esta planta, também conhecida por Unha do diabo, Devil’s claw, Griffe du diable, é encontrada na Namíbia (no deserto de Kalahari), África do Sul, Botswana, Angola, Zâmbia, Zimbabwe, e as partes utilizadas para fins terapêuticos são raízes secundárias. Os nativos africanos a empregam com muitos fins, como tratamento de doenças reumáticas, diabete, arteriosclerose, problemas digestivos, dos rins e da bexiga, e mencionam atividade ocitócica, tanto na condução do trabalho de parto, como na eliminação da placenta retida1.
Os constituintes ativos são glicosídios iridóides, açúcares, triterpenóides, fitosteróis, ácidos aromáticos e flavonóides. Os glicosídeos (harpagosídeo, harpagide e procumbide) parecem ser os mais importantes1.
O mecanismo de ação está ligado à mediação sobre o metabolismo da cascata dos leucotrienos e da COX-2, e bloqueio do caminho AP-1, por expressão gênica2;3 e possui propriedades anti-inflamatórias. Em 197 pacientes, em estudo duplo-cego placebo-controlado reduziu significativamente as dores lombares, levando a necessidade menor da droga de resgate (tramadol)4.
Outro estudo duplo cego, comparando com diacereína, demonstrou, em 122 casos de osteoartrite de joelhos e quadril, reduzindo a dor de forma semelhante nos dois grupos, com menor necessidade de resgate com acetaminofen ou diclofenaco5.
Demonstrou-se in vitro que o extrato dessa planta reduz a inibição da síntese de leucotrienos e de tromboxano, dose-dependente, atribuindo-se essa ação ao harpagosídeo3.
Metanálise concluiu que Harpagophyton, Salix alba e Capsicon frutescens eram todos melhores que placebo na redução da dor,  recomendando a realização de mais estudos de boa qualidade6.
A ação analgésica e antioxidante, demonstrada em estudos com animais, é dose-dependente, parecendo também estar ligada à ação anti-inflamatória, e à atuação dos flavonóides e fenóis. O amargor parece estar relacionado ao estímulo de secreção gástrica, melhorando a digestão1.
Há menção popular do uso na condução do trabalho de parto e para eliminação da placenta retida. Estudo em tecido uterino de ratas demonstrou, de fato, atividade uterotônica e espasmogênica7. Essa atividade parece paradoxal, uma vez que a sua atividade anti-inflamatória se faz pelo metabolismo dos tromboxanos e da COX-2, que também estão implicados no controle da contratilidade uterina e no tratamento da cólica menstrual.
Pelos estudos e tradição, tem sido indicada principalmente para tratamento de vários tipos de osteoartrites, reumatismo e dor lombar. Importante lembrar que pode haver interação com enzimas do grupo do citocromo P450, portanto interferindo na ação de outros medicamentos, em que essas enzimas influam, como anti-hipertensivos, antiepilépticos, antidepressivos, antidiabéticos e outros. Também pode atuar como anticoagulante, exigindo atenção com o uso concomitante de medicamentos com essa ação1.

Referências

1- Sem autor mencionado. Harpagophytum procumbens (Devil’s claw). Monograph. Alt Med Rev 2008;13(3): 248-52
2- Fiebich BL, Muñoz E, Rose T, Weiss G, McGregor GP- Molecular targets of the antiinflamatory Hapagophytum procumbens (Devil’s claw): inhibition of TNFα and COX-2 gene expression by preventing activation of AP-1. Phytother Res 2011; Nov 10. doi: 10.1002/ptr.3636. [Epub ahead of print]
3-Loew D, Möllerfeld J, Schrödter A, Puttkammer S, Kaszkin M. -Investigations on the pharmacokinetic properties of Harpagophytum extracts and their effects on eicosanoid biosynthesis in vitro and ex vivo. Clin Pharmacol Ther. 2001 May;69(5):356-64
4-Chrubasik S, Junck H, Breitschwerdt H, Conradt C, Zappe H. -Effectiveness of Harpagophytum extract WS 1531 in the treatment of exacerbation of low back pain: a randomized, placebo-controlled, double-blind study. Eur J Anaesthesiol. 1999 Feb;16(2):118-29.
5-Leblan D, Chantre P, Fournié B. -Harpagophytum procumbens in the treatment of knee and hip osteoarthritis. Four-month results of a prospective, multicenter, double-blind trial versus diacerhein. Joint Bone Spine. 2000;67(5):462-7.
6- Fugh-Berman A- Herb-drugs interactions. Lancet 2000; 355(9198): 134-8
7- Mahomed IM, Ojewole AO- Uterotonic effect of Harpagophyton procumbens DC (Pedaliaceae) secondary root aqueous extract on rat isolated uterine horns. J Smooth Muscle Res 2009; 45(5): 231-9


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  ·         Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia)





Existem mais de 220 espécies do gênero Maytenus. Descreveu-se atividade na ilicifolia. É originária do Brasil e pode ser encontrada na região que vai de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, e abundante nas matas do sul do Paraná. Também conhecida popularmente como espinho-de-deus, salva-vidas, sombra-de-touro, erva-cancerosa e espinheira-divina. As folhas, frescas ou secas, são utilizadas no preparo de infusões para uso interno e externo1. Seus principais constituintes são terpenos (maitensina, maitomprina, maitumbutina, maitolidina), ácido salicílico, flavonóides (chalconas, auronas, antocianinas), taninos, resinas, mucilagens, sais de ferro, enxofre, sódio e cálcio2.
O uso medicinal mais tradicional e comum da espinheira santa é para o tratamento de gastrites e úlceras gástricas e duodenais. Nas gastralgias acalma rapidamente as dores, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas estimulando ou corrigindo a função alterada. O efeito antiúlcera provavelmente ocorre pela ação dos taninos que aumentam o volume e o pH do conteúdo gástrico e ainda pelo poder cicatrizante sobre a úlcera. Sua ação antisséptica paralisa as fermentações gastrointestinais3.
Encontramos referência à utilização pelos povos da América do Sul como abortivo. Este efeito emenagogo ocorre porque pode promover contrações uterinas. Assim, mulheres grávidas não devem fazer uso desta planta e as que estão amamentando devem usar com moderação, pois pode levar a redução do leite materno4.
Em estudo realizado em animais, extrato aquoso simples de folhas de espinheira santa foi eficaz na mesma intensidade que duas conhecidas drogas antiulcerosas, a ranitidina e a cimetidina5. Outro estudo em animais reforça a ação das folhas de espinheira santa com ação analgésica, antiinflamatória e anti ulcerosa6. E outro comprova ação de proteção gástrica atribuída à fração flavonóide das folhas da planta7.
Também há referência de seu uso no tratamento de câncer gástrico sendo atribuída sua ação ao poder antioxidante8. Estudo em animais comprova ação antioxidante em problemas de ototoxicidade9.
Em ratos, através da infusão de extrato de folhas em 3 momentos de gestação, comprovou-se o efeito abortivo atuando sobre endométrio, mas somente nos primeiros dias de gestação10.
Não encontramos estudos referentes a efeitos colaterais em relação ao tratamento de problemas digestivos e ulcerosos.
A recomendação posológica é de se administrar três vezes ao dia.



Referências

1- Santos C, et al. Plantas medicinais 1988
2- Torres, KR; Leonart R; Santos CAM. Herbarium flora  et scientia. Curitiba S.n. 1987, p. 111
3- Carlini ELA Coord. Estudo da ação antiúlcera gástrica de plantas brasileiras: Maytenus ilicifolia, espinheira santa e outras. Brasilia: CEME/AFIP, 1988
4- Carlini EA, Frochtengarten ML- Toxicologia Clínica (Fase I) da Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia). Publicação CEME PPPM No. 2, 67-73, 1988.
5- Souza-Formigoni, M. L., et al. “Antiulcerogenic effects of two Maytenus species in laboratory animals.” J. Ethnopharmacol. August 1991
6- Jorge RM, Leite JP, Oliveira AB, Tagliati CA. Evaluation of antinociceptive anti-inflamatory and antiulcerogenic activities of Maytenus ilicifolia. J Ethnopharmacol 2004; 94: 1,93-100
7- Baggio CH; Freitas CS; Otofuji Gde M; Cipriani TR; Souza LM; Sassaki GL; Iacomini M; Marques MC; Mesia-Vela. Flavonoid-rich fraction of Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss protects the gastric mucosa of rodents through inhibition of both H+,K+ -ATPase activity and formation of nitric oxide.J Ethnopharmacol 2007, 113: 3; 433-40
8- Vellosa JC; Khalil NM; Formenton VA; Ximenes VF; Fonseca LM; Furlan M; Brunetti IL; Oliveira OM. Antioxidant activity of Maytenus ilicifolia root bark. Fitoterapia 2006; 77:3; 243-4
9-Kasse CA, Cruz OL, Iha LC, Costa HO, Lopes EC, Coelho F. The use of Maytenus ilicifolia to prevent cisplatin-induced ototoxicity. Braz J Otorhinolaryngol. 2008 Sep-Oct;74(5):712-7.
10- Montanari T; Bevilacqua. Effect of Maytenus ilicifolia Mart. on pregnant mice. Contraception 2002, 65: 2; 171-5



Produtos existentes e registrados no mercado brasileiro

Extrato seco

Espinheira Santa ® Herbarium  Cápsulas 380mg(não mencionada a padronização)
Espinheira Santa EC ® As Ervas Curam  Cápsulas gelatinosas, 500mg (8mg de taninos).
Extrato fluido

Espinheira Santa EC ® As Ervas Curam   Elixir Cada mL contendo 8mg de taninos totais, posologia 5ml 3 vezes ao dia
Tintura

Espinheira Santa EC ® As Ervas Curam  Para cada mL, 1,2mg de taninos totais.


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             ·         Unha de Gato (Uncaria tomentosa)





Originaria da América do Sul, habita principalmente a selva amazônica em especial a região peruana. Seu nome é derivado dos espinhos que lembram gancho que crescem ao longo da trepadeira e parecem as unhas do gato. Os incas foram os primeiros a usarem essa planta no tratamento de artrite, gastrite, reumatismo e inflamações em geral, pelo seu efeito antiinflamatório. Suas espécies, estreitamente relacionadas, são usadas nas florestas - Uncaria tomentosa e Uncaria guianensisUncaria tomentosa, é a mais eficaz das espécies de unha-de-gato 43.
É utilizado o córtex da raiz, que apresenta alcalóides oxiindólicos (mitrafilina), polifenóis, procianidinas, glicosídeos e triterpenos, fitosteróis e acido oleânico. Apresenta ação antiinflamatória, antioxidante e imunomoduladora44.

Estudo avaliando sua ação em gastrite induzida por indometacina durante três dias confirma a ação antiinflamatória, obtida com ambas as espécies, independendo do conteúdo alcalóide45. O processo inflamatório nos processos artríticos libera citoquinas (mediadores catabólicos), como interleucina-1 (IL-1), fator de necrose tumoral (TNFα) e óxido nítrico (NO). A unha-de-gato inibe a expressão gênica delas, com alta eficiência no tratamento da osteoartrite, diminuindo a degradação do colágeno pela inibição das citoquinas46.
Em caso de isquemia renal aguda confirmou-se o efeito antioxidante dessa planta na preservação do rim47. A capacidade antioxidante poderia explicar não só a proteção das mucosas do trato digestivo, mas ainda agir preventivamente quanto ao desenvolvimento de neoplasias. Foram feitos vários testes, avaliando a composição química do extrato, e a atuação desses componentes no processo oxidativo, concluindo-se pela provável atuação dos flavonóides48.

Testes in vitro confirmam que as duas espécies apresentam atividades imunoestimulantes, antitumoral, antioxidante e antiinflamatória semelhantes49. Sua atividade imunomoduladora ocorre através da estimulação do processo fagocitário3.

Estudo comprovou que um grupo de pacientes tratados com quimioterapia, citostáticos e Uncaria tomentosa de forma conjunta apresentou melhor prognóstico de acordo com a evolução clínica observada em relação a outro grupo que somente havia recebido quimioterapia e citostáticos50.
  Comprovou-se ação antioxidante e antineoplásica, atuando na regulação da homeostase metabólica e anti-radicais  livres51.
Revisão encontrou 16 estudos clínicos em humanos confirmando atividade antiinflamatória e antioxidante52. Estudos em animais têm comprovado ação protetora contra agentes carcinogênicos53.

Em animais comprovou-se ação benéfica em endometriose. Os autores detalham ação contraceptiva da unha-de-gato, pois o extrato atuou de forma similar ao leuprolide, bloqueador da função ovariana, levando a anovulação (que seria o processo pelo qual inibiria os focos endometrióticos)54. Não foi comentado nesse estudo, mas o mesmo processo poderia prover diminuição volumétrica dos miomas, justificando o uso popular, especialmente na região amazônica, com esse fim.

Em relação a efeitos colaterais existe contraindicação na gestação e lactação assim como em pacientes com doenças autoimunes. Alguns casos de febre, constipação ou diarréia foram citados.


Referências do capítulo

43- Introdução à Fitoterapia: utilizando adequadamente as plantas medicinais. Colombo: Herbarium Lab Bot. Ltda, 2008
44- Chevallier A. Plantas medicinales.Editorial El Ateneo. Buenos Aires. 2009
45- Sandoval M, Okuhama NN, Zhang XJ et al. Anti-inflammatory and antioxidant activities of cat's claw (Uncaria tomentosa and Uncaria guianensis) are independent of their alkaloid content . Phytomedicine  2002 May;9(4):325-37.
46- Hardin SR- Cat’s claw: an Amazonian vine decreases inflammation in osteoarthritis. Compl Ther Clin Prat 2007; 13: 25-8
47- Rosenbaum CC, O Mathuna DP, Chavez M et al. Antioxidants and antiinflammatory dietary supplements for osteoarthritis and rheumatoid arthritis(Altern Ther Health Med 2010, 16(2); 32-40
48-Amaral S, Mira L, Nogueira JMF, Silva AP, Florêncio MH- Plant extracts with anti-inflamatory properties- a new approach for characterization of their bioactive compounds and establishment of structure-antioxidant activity relationships.Bioorg Med Chem 2009; 17: 1876-83
49- Piscoya J. Efficacy of freeze dried cat´s claw in osteoarthritis of the knee mechanisms of action of the species Uncaria. Inflamm Rev 2001, 50:9; 442-8
50- Diehl I. In: Alonso JR- Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Ediciones. Buenos Aires
51- Dreifuss AA, Bastos Pereira AL, Avila TV et al. Antitumoral and antioxidant effects of a hydroalcoholic extract of cat's claw (Uncaria tomentosa) (Willd. Ex Roem. & Schult) in an in vivo carcinosarcoma model. J Ethnopharmacol 2010, 130 (1); 127-33
52-Gagnier JJ, van Tulder M, Berman B, Bombardier C.- Herbal medicine for low back pain. Cochrane Database Syst Rev. 2006 Apr 19;(2):CD004504. Review.PMID: 16625605 Ontario, Canada
53- Budan SF, Szabó V, Nowrasteh G et al. Mixtures of Uncaria and Tabebuia extracts are potentially chemopreventive in CBA/Ca mice: a long-term experiment. Phytother Rev 2011, 25(4); 493-500
54- Nogueira Neto J, Coelho TM, Aguiar GC et al. Experimental endometriosis reduction in rats treated with Uncaria tomentosa (cat's claw) extract. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2011, 154 (2); 205-8


Produtos existentes e registrados no mercado brasileiro
Extrato seco

Imunomax ® Herbarium  Comprimidos 100mg(4,5mg a 5,5mg de alcalídes).

Imunomax ® Herbarium   Gel contendo 50mg do extrato para cada grama do produto.


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·         Alcachofra (Cynara scolymus)

Há referências do uso da alcachofra no Egito antigo e entre  gregos e romanos. Classicamente a alcachofra foi utilizada para problemas digestivos, porém, na época atual, foi comprovada sua atividade colerética, bem como redutor de dislipidemia. Baseando-se na ideia de que fibras digestivas podem atuar beneficamente no metabolismo de carboidratos, foi realizado estudo em ratos, demonstrando ação hipoglicemiante, que já havia sido observada em humanos1; 2.

Em revisão sobre os estudos com extratos de folhas de alcachofra abrangendo um total de 262 pacientes, os autores concluíram que, embora o tratamento promova diminuição da lipidemia, esse efeito não é animador. Ressaltam que, por outro lado, os efeitos adversos são raros e passageiros3.

Foram atribuídas à alcachofra efeitos de cardioproteção. Estudo descreveu aumento da transcrição gênica de óxido nítrico sintase, o que poderia ser um fator a mais nessa cardioproteção oferecida pela alcachofra4.

A grande indicação permanece no âmbito da saúde digestiva. A capacidade de sobrevivência da flora intestinal depende do equilíbrio do ecossistema intestinal, e também da tolerância aos sucos digestivos e à bile, além de características de cada espécie. Muitos alimentos possuem propriedades probióticas, favorecendo os Lactobacillus e os Bifidobacteriae. Demonstrou-se que a alcachofra possui essa capacidade5. A ação antiespasmódica do extrato da planta foi comprovada, atribuindo-se especialmente à cinaropicrina, um sesquiterpeno, com potência similar à da papaverina6.

Em estudo em ratos, os autores mostraram que o extrato das folhas era capaz de propiciar regeneração da mucosa gástrica induzida por estresse ou por álcool, atribuindo seu efeito à cinaropicrina, e o efeito foi dose-dependente. Os autores concluiram pela utilidade no tratamento da gastrite aguda7.

Seu uso para tratamento da ressaca produzida pelo excesso nas libações é uma indicação tradicional e de conhecimento popular. No entanto, em revisão da literatura mundial, os autores não encontraram motivos sólidos para essa indicação, nem de forma curativa, nem preventiva8.

Importante ressaltar que as folhas de alcachofra que contêm os princípios ativos utilizados como fitomedicamentos são obtidos somente dos ramos colhidos em momento diferente do que seria a época adequada para colheita da flor como produto comestível: em ocasião anterior ao da colheita para uso alimentar.

Há fitomedicamentos disponíveis no Brasil, alguns em associação (com boldo, jurubeba), outros sob a forma de extrato fluido, ou ainda como extrato seco. Não se mencionam contraindicações para prescrição a crianças.


Referências

1- Fantini N, Colombo G, Giori A, Riva A, Morazzoni P, Bombardelli E, Carai MAM- Evidence of glycemia-lowering by a Cynara scolymus L. extract in normal and obese rats. Phytother Res 2011; 25: 463-6
2- Nazni P, Poongodi Vijayakumar T, Alagianambi P, Amirthaveni M- Hypoglycemic and hypolipidemic effect of Cynara scolymus among selected Type 2 diabetic individuals. Pak J Nutr 2006; 5:147-51
3- Wider B, Pittler MH, Thompson-Coon J, Ernst E- Artichoke leaf extract for treating hypercholesterolaemia. Cochrane Database Syst Rev 2009Oct7;(4):CD003335
4- Li H, Xia N, Braush I, Förstermann U- Flavonoids from artichoke (cynara scolymus L.) up-regulate endothelial-type nitric-oxide synthase gene expression in human endothelial cells. J Pharmacol Exp Ther 2004; 310(3): 926-32
5- Valerio F, De Bellis P, Lonigro SL, Morelli L, Visconti A, Lavermicocca- In vitro and in vivo survival and transit tolerance of potentially probiotic strains carried by artichokes in the gastrointestinal tract. Appl Environ Microbiol 2006; 72(4): 3042-5
6- Emendörfer F, Emendörfer F, Bellato F, Noldin VF, Cechinel-Filho V, Yunes RA, Delle Monache F, Cardozo AM- Antispasmodic activity of fractions and cynaropicrin from Cynara scolymus on guinea-pig ileum. Biol Pharm Bull 2005; 28(5): 902-4
7- Ishida K, Kojima R, Tsuboi M, Tsuda Y, Ito M- Effects of artichoke leaf extract on acute gastric mucosal injury in rats. Biol Pharm Bull 2010; 33(3): 223-9
8- Pittler MH, Verster JC, Ernst E- Interventions for preventing or treating alcohol hangover: systematic review of randomized controlled trials. BMJ 2005; 331(7531): 1515-8


Produtos comercializados e registrados no Brasil

Em associação

Hepabile ® Welleda (Cynara scolymus, Poemus boldus, Taxacum off, Chelidonium majus). Gotas 

Lisotox ® Cifarma (Cynara scolimus, metionina, acetilcolina, cianocobalamina, extrato de fígado). Flaconetes .

Alcachofra composta ® Herald’s do Brasil (Cynara scolymus, Peumus boldus) Drágeas.

Extrato seco

Alcachofra EC ® As Ervas Curam   Cápsulas gelatinosas duras, 500mg (0,6% de AC. Cafeoilquínicos).

Chophytol ® Millet Roux    Solução oral 225mg de extrato; Drágeas 200mg de extrato.

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·         Aroeira (Schinus terebinthifolium Radii)



A aroeira é uma árvore conhecida por vários nomes, como: aroeira-vermelha, aroeira, aroeira-de-praia, aroeira-pimenteira, aroeira-do-paraná, e outros79;80. Ocorre naturalmente no Paraguai, Argentina e Brasil, onde é encontrada desde o Ceará até o Rio Grande do Sul79 e em outros países, como nos Estados Unidos (Florida e Havaí, principalmente), onde é uma planta invasora, bem adaptada81; 82 considerada difícil de erradicar83.
            A aroeira vermelha é uma planta da família Anacardiaceae. Seus frutos costumam utilizados como pimenta. Praticamente todas as partes da planta têm sido utilizadas popularmente com fins medicinais, incluindo-se as sementes, as folhas, a casca, os frutos, a resina e óleo-resinas (ou bálsamo), e também na indústria de perfumes. É usada para tratamento de resfriados, o decocto de suas folhas inalado para tratamento de hipertensão, depressão e batimentos cardíacos irregulares. O decocto da casca, para tratamento de dores nas costas e dores reumáticas. Descreve-se seu uso tradicional como antibacteriano, antiviral, diurético, estimulante digestivo, tônico, cicatrizante, anti-inflamatório, hemostático, e no tratamento de infecções urinárias e respiratórias84.
Estudo identificou 49 componentes, observando-se variação na sua quantidade, se as folhas fossem frescas, ou se secadas à sombra. Inclusive, observando-se alguns apenas nas folhas frescas e outros apenas nas secas. Ao todo, foram identificados 20 sesquiterpenos, com predomínio de (E)-cariofileno nas folhas frescas e de β-sesquifelandreno, β-cedreno e α-gurjuneno nas secas. Também foram encontrados monoterpenos, sesquiterpenóides e monoterpenóides em quantidade significativa e 3 não-terpenos84.
            O gel de aroeira foi estudado para tratamento da vaginose bacteriana. Inicialmente, estudo não controlado em mulheres com diversos tipos de vaginite, entre as quais 30 com vaginose bacteriana, curando-se cerca de 80% dos casos85. A seguir, foi realizado estudo duplo-cego placebo-controlado: 84% das que utilizaram aroeira e 47,8% das que utilizaram placebo deixaram de apresentar o quadro. A diferença foi estatisticamente significativa, semelhante ao esperado com metronidazol e com clindamicina. Houve melhora da flora de lactobacilos. O método foi considerado efetivo85. O mesmo grupo de pesquisadores confirmou sua eficácia, em novo estudo, porém menor que a obtida com metronidazol, porém o preparado do estudo anterior era um pouco diferente, na proporção de extrato da aroeira87.
Sua atividade cicatrizante também é descrita e popularmente é utilizada para tratamento de problemas bucais, como estomatite, como anti-inflamatório e cicatrizante. A alveolite foi estudada experimentalmente, em ratos. Com material da cavidade, identificados os microorganismos. Inicialmente testados in vitro vários diferentes extratos vegetais de plantas com ação cicatrizante conhecida popularmente, concluindo que o extrato de Schinus terebinthifolium foi o que melhor resultado provocou. Tratados ratos com alveolite induzida, com esse extrato, observada a regeneração cavitária, com neoformação óssea. Considerado efetivo, confirmando o efeito observado pelo uso popular88.
Extrato de folhas de aroeira foi utilizado para tratamento de otite externa de cães, com boa efetividade. Também contra vários germes. Sem citotoxicidade89.
            Em ratos, foram feitos estudos avaliando a cicatrização de feridas, a cicatrização de gastrorrafia, sem demonstrar vantagem do extrato90; 91. Na cicatrização da bexiga, o efeito mais favorável no grupo tratado com aroeira, quanto aos diferentes parâmetros de cicatrização observados92. Na cicatrização da linea alba de ratos submetidos a laparotomia e a seguir suturados, administrando-se intraperitonialmente, ou solução salina ou extrato de aroeira. Após o sacrifício dos animais, submeteram-se a testes de tração os fragmentos retirados do abdome, verificando-se que, no grupo tratado com aroeira houve maior resitência à tração, demonstrando maior firmeza da cicatriz, e também quanto à elasticidade, embora o aspecto macroscópico fosse similar em ambos os grupos93. Na cicatrização de anastomoses colônicas de ratos, instilada solução salina ou extrato hidroalcoólico de aroeira intraperitonialmente, a cicatrização foi mais favorável no grupo tratado com aroeira, pois houve aceleração da fase aguda para subaguda e crônica da cicatrização, do ponto de vista microscópico, e, embora a tensão de ruptura tenha sido ligeiramente maior no grupo aroeira, não houve diferença estatística94.
Em estudo com 49 extratos, de 25 diferentes plantas brasileiras, entre elas várias com uso popular como antissépticos, pesquisou-se a ação antibacteriana contra cepas de Escherichia coli e Staphylococcus aureus, e não foram eficazes contra E. coli, porém os extratos de cascas de Schinus terebinthifolius, e de outras 3 plantas, foram efetivos na inibição de S. aureus, confirmando o uso pela tradição95.  Os resultados de estudos farmacológicos demonstram atividade antiinflamatória, antifúngica, antibacteriana, incluindo Staphilococcus, Pseudomonas, Monilia80; 96. E também contra Candida albicans, Tricophyton rubrum e Cryptococcus neoformans96. Demonstrou-se a capacidade de triterpenóides de seus frutos inibirem a fosfolipase  A2, o que explica sua potencial atividade sobre  o controle do processo inflamatório, e mesmo artrite reumatóide, asma e psoríase97.
            Foi estudada atividade na hiperuricemia e anti-herpética, com sucesso98
A aroeira contém substâncias com reconhecida ação antioxidante, como ácido ascórbico, tocoferóis, compostos polifenólicos e terpenóides. Também é descrita a atividade antioxidante em óleos essenciais. Essa capacidade atribuida à presença de terpenos, como terpineol, cariofileno, cedreno, sabineno, terpinoleno e cânfora. A atividade antimicrobiana contra Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Aspergillus niger, Aspergillus parasiticus, Candida albicans, mas com pequena intensidade contra Escherichia coli foi atribuída à presença de monoterpenos e sesquiterpenos com anéis aromáticos e grupos hidroxila fenólicos formando ligações com locais ativos de enzimas-alvo (cis-β-terpineol, citronelal, neo-3-tujanol, neo-3-tujil-acetato, metilcitronelato e álcool cariofilênico)84.

            Como muitos preparados contendo polifenóis são reconhecidos como inibidores de células neoplásicas e o extrato de aroeira é rico em polifenóis, estudou-se em cultura de tecidos a inibição do crescimento de câncer prostático humano, com efeito favorável. Também observado efeito antiproliferativo em células de carcinoma mamário. Há fortes indícios quanto à isoquercetina, mas outros podem estar implicados nessa ação, talvez haja ação sinergística de alguns deles99. Em estudo recente foi descrita atividade na apoptose do α-pineno, reduzindo lesões metastáticas de melanoma100.

            Não foram encontrados efeitos mutagênicos, em estudo preliminar101. Flavonóides têm ação antioxidante, mas também podem agir genotoxicamente, esta propriedade parece estar ligada à posição da hidroxila nos anéis A e B, existentes no extrato de aroeira. Apesar de confirmados os achados do estudo acima, outros testes, demonstraram dano ao DNA102. Com extrato em que houve enriquecimento em flavonóides, confirmando os dados obtidos anteriormente103
Descreveu-se intensa ação irritante da pele provocada por frutos de Schinus terebinthifolius. Talvez seja devido a atuação de mais de um dos componentes, principalmente o cardanol, porém esse fato não é suficiente para proibir o seu uso alimentar104. A aroeira contém alto teor de taninos, biflavonóides e ácidos triterpênicos nas cascas e até 5% de óleo essencial formado por mono e sesquiterpenos nos frutos e nas folhas. Em todas as partes da planta foi identificada a presença de pequena quantidade de alquilfenóis, causadores de dermatite alérgica em pessoas sensíveis81. No entanto, foi demonstrada atividade antialérgica na fração acetato isolada das folhas de Schinus terebinthifolius inibindo a formação de edema e a liberação de histamina, em camundongos105.

O uso mais indicado é para tratamento de leucorréia, em especial a vaginite bacteriana. Provavelmente também seja eficaz sobre vaginites por fungos, mas os estudos científicos são escassos.

Baseado no uso tradicional e na literatura, as preparações feitas com sua casca podem ser utilizadas para tratamento de diversas lesões cutâneo-mucosas, infectadas, ou não, como feridas cutâneas, hemorróidas, leucorréias e cervicites. Sob a forma de gargarejo, no tratamento de gengivites e inflamações da garganta. O uso popular consagrou a ingestão do decocto de folhas e frutos, com o objetivo de amenizar gastrites e azia. Em estudo comparando o efeito de aroeira e de omeprazol, os sintomas dispépticos foram equivalentemente amenizados106.

Não foram relatados efeitos tóxicos, mas os estudos sobre mutagenicidade levam a desaconselhar o uso prolongado.     O principal efeito adverso relatado é a alergia cutânea.
Não há referência, portanto, até que existam estudos, desaconselha-se seu uso na gestação e lactação.
Os preparados comerciais, no Brasil, restringem-se ao uso ginecológico e ao uso em gastroenterologia.

Referências
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Produtos comerciais existentes e registrados no Brasil
Extrato seco
Kronel ® Hebron  Gel para uso vaginal, extrato 300mg. 
Kronel ® Hebron Sabonete líquido.
Kios ® Hebron  Comprimidos.

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·         Babosa  (Aloe vera)  



           Aloe vera, também conhecida popularmente como babosa, e muitas vezes identificada como Aloe barbadensis, originária nas regiões africanas áridas, bem como da região mediterrânea, é uma planta da família Aloaceae, embora muitos a classifiquem entre as Liliaceae, família, de fato, relacionada a ela, assim como a cebola, o alho e o aspargo. Tem sido cultivada especialmente no México, mas também nos Estados Unidos, China e Tailândia. Várias plantas pertencentes ao gênero Aloe têm propriedades medicinais. Sua característica são as folhas carnudas, que têm a capacidade de armazenar água. As Aloaceae podem variar em tamanho, conforme a espécie, chegando a atingir 2 metros, ou mais 107.
Composição
            A parte utilizada da planta é a folha, cuja composição é majoritariamente água, com uma alta proporção de carboidratos (cerca de 60% do conteúdo após secagem), que são açúcares solúveis e polissacarídeos, que também estão em proporções diferentes conforme a parte da folha. Mais de 200 componentes fazem parte das substâncias encontradas nela, e têm sido estudados tanto no gel como no exsudato, podendo variar em proporção em um ou em outro. A quantidadade de lipídios e proteínas é respectivamente de 2 a 5% e de 6 a 8%. Há ainda outras substâncias ativas, como compostos fenólicos, ácidos orgânicos, aminoácidos, vitaminas e sais minerais, além de compostos voláteis. Cita-se certa confusão, pois alguns autores levaram mais em conta o gel, ou o exsudato, ou o extrato total, o que explica a falta de concordância nos diferentes estudos107.
            Componentes no exsudato
            As antraquinonas, compostos fenólicos, predominam no exsudato, e provêm de oxidação de moléculas de menor peso molecular, como a aloina, que é um glicosídio derivado de aloe-emodina. Além disso, há quantidades menores de polissacarídeos e açúcares livres, como a glicose. Há também compostos voláteis e alifáticos.
            Entre as cerca de 300 espécies de Aloe, praticamente todas contêm, componentes ativos, algumas até mais do que a Aloe vera, a mais citada. Foram identificados mais de 80 deles, entre os quais 13 compostos fenólicos (aloe-emodina, aloenina, aloesina, e outros) 107.
            Componentes do gel
            O gel de Aloe foi estudado em número menor de espécies, apesar de que grande número de autores atribuírem as qualidades terapêuticas a ele. Atribuem-se, inclusive, essas propriedades à ação conjunta dos inúmeros componentes ativos, o que torna difícil descrever um  modo de ação. Pode-se considerar em separado a fração de carboidratos, a fração nitrogenada, a de outros componentes.
            Há desacordo nas publicações, dependendo da subespécie ou variedade estudada, modificações sazonais, cultivo, e outros fatores. A instabilidade do gel é outro fato que influi nos estudos, assim como a forma de manipulação, a temperatura, a desidratação, etc.
Carboidratos
            São a maior parte, constando de açúcares livres, polissacáridos solúveis e fibras. Os glucomanans do gel de Aloe são raros em outras espécies de plantas, no entanto são semelhantes a outros, existentes nos fluidos corporais humanos. Os polissacáridos representam cerca de 80% do gel liofilizado, e os monossacáridos são cerca de 25% do gel seco.
            A proporção de polissacáridos depende do método empregado na sua separação, mas também depende do cultivo, da qualidade do solo, do clima. Constam de polímeros lineares, sem ramificações, contendo ligações 1-4 de β-glicosídeo passíveis de separação pela precipitação com álcool. Também há polímeros de outras hexoses.
            Os polissacáridos do gel de Aloe podem ser acilados, parcialmente acilados, ou não-acilados. Há indicações de que pelo menos quatro glucomanans parcialmente acilados sejam os responsáveis pelo aspecto característico de sua mucilagem. O conjunto de carboidratos da planta tem sido denominado globalmente como acemanan, e tem ações terapêuticas. A separação por cromatografia do acemanan de Aloe vera mostra manose (93%),glucose (3%), galactose (3%), arabinose (1%)107.
 Compostos nitrogenados
            O número e proporção deles varia conforme a espécie: em Aloe vera há 12 polipeptídeos, glicoproteínas, com atividade biológica ou enzimática (por exemplo, a de hemoaglutinação), proteínas, enzimas (bradicinase, celulase, carboxipeptidase, amilase e oxidase) 107.
Outros componentes
             Há várias substâncias, em pequena quantidade, como compostos fenólicos, flavonois, como campferol, quercetina e miricetina. Ácidos orgânicos, como o málico, que pode ser utilizado como marcador químico, e também ácido láctico e succínico, vitaminas A, C, E, B1, B3, B2, ácido fólico.
            O gel contém ácidos graxos, esteróis, como colesterol, β-sitosterol.
            Entre os minerais, alto teor de cloro e potássio, magnésio e cálcio, mas pouco sódio e ainda vários outros, em menor proporção, como ferro, cobre, zinco, manganês, etc, além de alguns tóxicos, como bário, alumínio, boro, cádmio, chumbo107.
            Componentes biologicamente ativos e terapêuticos
            Nem sempre está estabelecido de forma inequívoca qual componente seja responsável por cada efeito obtido, sendo, muitas vezes mais provável que as ações se devam a ação concomitante de mais de uma substância. Assim, não parece provável o isolamento de um composto que possa ser identificado como substância ativa e medicamento108. Vários estudos indicam que os polissacarídeos tenham esse papel, e, portanto, a parte mucilaginosa de Aloe seja a parte atuante medicinalmente, por ser a porção rica em polissacarídeos109.
            Como é praticamente impossível, em escala industrial, impedir o contacto dos componentes do gel e do exsudato, especialmente das antraquinonas, na maior parte das vezes é mais interessante pensar nos componentes do extrato integral.
            No tocante à atividade cicatrizante, a ação de Aloe parece dever-se a um conjunto de ações. Embora tenha sido sugerido, desde a década de 50, o efeito do ácido tânico, isso não se confirmou, até agora. A capacidade umidificante e emoliente parece ser importante. Pelo alto teor em água, Aloe dispensa a retirada dela dos tecidos danificados, evitando, assim, sua desidratação. Essa explicação é bastante adequada, quando se focaliza a ação imediata, especialmente em queimaduras, mas não explica o efeito a longo prazo. Mais recentemente foi sugerida a ação anti-inflamatória da atividade conjunta de poilissacáridos, glicoproteínas e polissacáridos sulfatados109. E também a atuação anestésica, bactericida e antitrombótica devem exercer um papel nesse processo. Foi proposto que a atividade anti-inflamatória fosse possivelmente atribuída à manose-6-fosfato, açúcar presente no extrato e conhecido como ativador do crescimento tissular. Além disso, o β-sitosterol do gel, que é um fator potente de angiogênese, promovendo a neovascularização, deve corroborar com essa atuação. A fração glicoprotéica parece estar envolvida na proliferação e migração celulares. Aminoácidos estimulam a proliferação celular das camadas mais profundas da pele através de síntese enzimática109. Em estudo sobre agentes vegetais atuantes contra Staphylococcus aureus resistentes a meticilina, cita-se aloe-emodina (como outros polifenóis) como possuidora de alta potência antibacteriana, mas sem exercer ação sinérgica a oxacilina 111.
            Aloe age inibindo a atividade das ciclooxigenases, com isso inibindo a síntese de prostaglandinas, que são mediadoras da inflamação. Portanto, atua como anti-inflamatório. Não só, mas também atua sobre o tromboxano, diminuindo sua concentração, quando o gel é aplicado topicamente, portanto agindo sobre o ácido araquidônico, inibindo sua oxidação. Essa atuação se dá pelo menos através de uma glicoproteína, que atua tanto na inibição da ciclooxigenase, como na síntese do tromboxano. O efeito anti-inflamatório e antitrombogênico também explica, ao menos em parte, o efeito sobre a cicatrização. Além disso, foi descrita, in vitro, com Aloe barbadensis, ação através da atividade anti-bradicinase (enzima que atua sobre a bradicinina, importante mediador da dor), agindo também, portanto, no processo inflamatório 112.
            Em estudo sobre a atuação de vários agentes sobre a cicatrização, foram comentadas Aloe vera e Centella asiática, e referido que o uso de Aloe aumenta o teor de colágeno, atribuindo-se a aumento da síntese de colágeno e aumento da proliferação de fibroblastos a melhora no tecido de granulação, fato observado com o uso interno, mas melhor com o uso tópico113.
            Especula-se sobre o papel de salicilatos em Aloe, podendo gerar efeitos similares aos descritos com a aspirina, embora nem sempre idênticos, mas justificando efeito anestésico. Há, por outro lado, a possibilidade de ação sinérgica com magnésio, levando a aumento desse efeito. E ainda se descreveu a hidrólise de compostos antraquinônicos, como emodina e aloina, convertendo a salicilatos. Também se observaram outros efeitos anti-inflamatórios em outras espécies de Aloe107.
            Foi descrita a presença de carboxipeptidase em Aloe arborescens, e essa enzima teve atuação na redução glicêmica de ratos e camundongos diabéticos, bem como aumentando a permeabilidade vascular, na resposta inflamatória de lesões das ilhotas pancreáticas induzida por estreptozoina. Esse mecanismo explica a atuação antidiabética 114; 115. Do mesmo modo que fibras solúveis influem sobre o metabolismo glicídico e a lipidemia, a atividade antidiabética pode ser atribuída aos componentes solúveis dos polissacáridos do gel, além de ter influência a presença de alguns minerais107.
            Atuação antineoplásica foi descrita com algumas espécies de Aloe, com vários mecanismos, ainda não de todo elucidados. Esse efeito parece estar intimamente relacionado a glicoproteínas (lectinas) e a polissacarídeos. A capacidade de hemoaglutinação de lectinas  promove o crescimento de células normais, inibindo o das tumorais. Descreveu-se a inibição de fibrossarcoma pela aloctina-A, de em Aloe arborescens, estando envolvido mecanismo imunológico. A aloctina-I, de Aloe vera, foi mais potente na atividade antitumoral. Parece fundamental a interação de vários fitoquímicos da planta nessa atividadade. Em alguns experimentos pareceu haver atuação sobre a fagocitose, na ação antineoplásica. Os polissacáridos foram mencionados como fundamentais nesse processo, em vários estudos107.
            Estudando antraquinonas (aloesina, aloe-emodina e barbaloina) extraídas de Aloe vera e purificadas por cromatografia líquida, e também de N-terminal octapeptide derivado da verectina, glicoproteína da mesma planta,  quanto à sua capacidade de prolongar a vida de células tumorais transplantadas em animais, esse fato foi observado, em ordem decrescente com barbaloina, octapeptide, aloesina e aloe-emodina. Mas houve inibição significativa de células de carcinoma de Erlich peritonial, em ordem decrescente para barbaloina, aloe-emodina, octapeptide e aloesina.  Também em leucemia mieloide aguda  e leucemia linfóide aguda se observou acentuada redução de células neoplásicas. Aloe-emodina também se demonstrou ativa contra linhagens celulares de câncer de colon humano. Os autores concluíram que as substâncias da planta atuam como antineoplásicas por mecanismo antioxidante, pelo fato de encontrarem concomitantemente ao tratamento elevação de enzimas ligadas à antioxidação 116.
Embora se tenha atribuído a antraquinonas um possível efeito cancerígeno, descreveu-se efeito antigenotóxico, antimutagênico e na apoptose, em vários órgãos. O efeito anticarcinogênico foi descrito em animais, porém já se sugeriu, em humanos, o uso de aloe-emodina no tratamento de câncer gástrico e no câncer cervical.  Parece vital a atuação do citocromo P450 na biotransformação de antraquinonas no processo antineoplásico107; 117.
Descreve-se o uso de algumas espécies de Aloe, na África, como antimalárico, e a ação antiplasmodial foi atribuída a antrona-C-glicosídeo homonataloina. Ação larvicida atribuída a antraquinonas, lectinas e proteínas. Também atribuída ação antimalárica a polissacáridos, manans, antraquinonas118.
            Os polissacáridos também parecem ser os agentes na ação sobre a imunidade. Os polissacarídeos neutros, no acemanan e também no aloemanan têm propriedades antitumoral, anti-inflamatória e imunossupressora, enquanto as glicoproteínas têm atuação na bradiquinase e estimulação da proliferação celular identificada na fração não-dializável de várias espécies de Aloe. No acemanan foi descrito grande número de propriedades famacológicas, como atuação antiviral, ativação de macrófagos, de monócitos e de anticorpos, estimulação de células T e do fator de necrose tumoral, assim como indução da produção de óxido nítrico. O acemanan parece atuar como ponte entre proteínas em vírus, microorganismos e macrófagos, facilitando a fagocitose. No entanto, alta concentrações de acemanan são necessárias, para efeito modesto na ativação de macrófagos. Isso leva à idéia de que acemanan atue sinergicamente com outros componentes, eventualmente até contaminantes, mesmo que estes estejam em pequena quantidade, mas essenciais para o efeito. Isso foi observado com aloeride, um polissacárido de alto peso molecular, que pode estar presente em quantidade mínima, como contaminante, mas exercendo grande potência na imunoestimulação, nessa atividade sinérgica. Estudos in vivo e in vitro demonstraram que esse processo com polissacáridos de alto peso molecular, influenciando a produção de citoquinas e de óxido nítrico também influi na atividade antitumoral107.
            Em várias plantas, e também em Aloe, têm sido descritos, e despertado interesse crescente, polissacáridos  de molécula grande, com efeitos biológicos como antifúngicos, antibacterianos, antivirais.   Cromone descrito em Aloe barbadensis, tem efeito antioxidante potente, equivalente ao do α-tocoferol. Vários compostos com atividade antioxidante e anti-inflamatórias de Aloe vera foram estudados (cinamil, p-cumaroil, feruloil, cafeoil aloesina), concluindo-se que essas atividades estão relacionadas aos compostos acilados. Mas também glicoproteínas de alto peso molecular inibiram ciclooxigenase-2 e tromboxano-A2-sintase. Assim, tanto as frações glicoprotéicas como os compostos relacionados a aloesina têm papela importante como anti-inflamatórios e antioxidantes107

Atividade toxicológica
            Afora umas poucas espécies, muito venenosas, a imensa maioria das plantas do gênero Aloe são completamente desprovidas de toxicidade, Vários estudos em ratos demonstraram virtual ausência de efeitos danosos, mas revelaram alguns efeitos protetores, como o hepatoprotetor, o aumento da macrófagos (favorecendo a fagocitose), e mesmo antitumoral107
Em humanos, foram descritas reações alérgicas, em casos isolados119. Em alguns casos em que se utilizou Aloe , observou-se que a exposição aos raios UV levava a pigmentação persistente da pele. Também foi observada reação contrária à esperada, em queimaduras que, em vez de cicatrizarem melhor com Aloe, demoravam mais. Quando utilizado na pele, em alguns casos provocou ardor, atribuído a aumento da circulação. Outros autores observaram que, embora houvesse melhora na cicatrização, podia haver eritema duradouro, ou sensação dolorosa107.
            A agência reguladora americana (FDA) listou uma série de eventos adversos citados em diferentes estudos, De 30 eventos, em 7 somente Aloe era o ingrediente potencialmente suspeito. Os efeitos mencionados foram de vários tipos, como náusea, tontura e fraqueza, tinitus, pressão na cabeça, aumento da pressão arterial, ataques de pânico, insônia, dificuldade de concentração, problemas de memória, fibrilação atrial, erupção cutânea avermelhada e pruriginosa, meningite asséptica, acidente vascular cerebral107.
            Há várias citações de casos isolados de toxicidade em humanos, porém sem os subseqüentes estudos toxicológicos, como 2 casos de hepatite, sangramento intraoperatório intenso, insuficiência renal aguda, vômitos acentuados, e, em alguns deles havia a possibilidade de ter havido interação com outras drogas. Outro problema descrito foi o aumento do risco de hipoglicemia, em diabéticos, especialmente se em associação com outros medicamentos para o controle glicêmico. E também, quando associado a drogas glicosídicas para tratamento cardiológico, risco de eliminação de potássio, aumentando a possibilidade de hipocalemia. Em citações esporádicas, o exsudato foi mencionado como causador de abortamento e indução menstrual107.
            A possibilidade de haver contaminantes nos produtos de Aloe deve ser considerada, especialmente de compostos fenólicos, como antrona-C-glicosídeos. Esses contaminantes derivados antraquinônicos podem ser responsabilizados pelo efeito laxativo. Partícular atenção tem sido dada a aloe-emodina e aloina, que podem ser agentes de efeitos adversos. Preparados sem aloina tem-se demonstrado mais seguros. Também saponinas amarelas parecem ter algum efeito pernicioso. O gel colorido é menos eficaz que o gel incolor, no processo de cicatrização. Em estudos de cultura celular, houve efeito citotóxico com amostras comerciais contendo as saponinas coloridas. Pelos estudos realizados, aloina e aloe-emodina foram incluídas numa lista de 12 componentes com quantidade máxima alimentar regulamentada, na União Européia107.

Controle de qualidade e aspectos legais
            A legislação sobre o uso de plantas medicinais varia enormemente de país para país, o que dificulta muito a regulamentação. No caso de Aloe, que tem sido comercializada como alimento, a situação tem alguns problemas que devem ser considerados. A começar do fato de que se encontram muitos produtos em que há adulteração, como, por exemplo, acrescentando-se água ao gel. Também conta muito na qualidade aspectos do plantio, de armazenamento e da produção industrial. Por exemplo, as folhas devem ser utilizadas imediatamente após colhidas, ou devem ser congeladas, no intuito de preservação de seus componentes, que se podem modificar rapidamente, por oxidação ou hidrólise. O tratamento do gel com carbono ativo, com a finalidade de remover a aloina e as antraquinonas é outro passo. A esterilização sob calor pode promover mudanças bioquímicas, também, principalmente destruindo mucopolissacáridos, o que promoverá diminuição do potencial terapêutico. Há ainda considerações a serem tomadas, quanto a estabilização do produto, acréscimo de outros componentes, como vitamina C, ou ácido cítrico, condições de armazenamento, e outras. Recomenda-se que os produtos sejam analisados   sempre levando em conta: 1-investigação de autenticidade; 2-teste para verificar a presença de componentes inadmissíveis; 3- determinação do conteúdo em aloina107

Aplicações e uso medicinal
            Embora seja descrito seu uso desde tempos bíblicos, há controvérsia quanto a vários aspectos de sua utilidade, e não está bem determinada a melhor dosagem para uso oral, com mais segurança quanto à aplicação tópica. Encontram-se, no entanto, referências a várias indicações.

Pele e cicatrização
            Há numerosas referências ao uso dermatológico da planta. Revisão demonstrou a capacidade de melhorar a hidratação da pele, promover a diferenciação cós queratinócitos, reduzir a perda hídrica transepidérmica de Aloe e de algumas outras plantas, em humanos e in vitro 120.
            Revisão abordando as plantas mais utilizadas em dermatologia menciona a escassez de conhecimento de membros da classe médica sobre sua atuação, e que nem sempre há informação científica confiável. Sobre Aloe, cita vários efeitos documentados, como imunomodulação, antibacteriana,  antiviridal contra herpes simples e varicela-zoster. Menciona a utilidade no tratamento de feridas e úlceras e antineoplásica. Ressalta a contra-indicação na gravidez e lactação e o risco de interação com antiarrítmicos, digitálicos, diuréticos tiazídicos, por aumento da perda de potássio 121.
            Aloe atua, ao que tudo indica, tanto no reparo do epitélio danificado, como na imunidade. É conhecido seu efeito cicatrizante e anti-inflamatório, com utilidade em feridas, queimaduras, cortes, eczemas, hemorróidas e veias varicosas, pele quebradiça, e outros. O benefício obtido com o uso tópico pode ser atribuído a efeito antioxidativo. Há documentação do reparo da pele após radiação UV, demonstrando sua efetividade em queimaduras de primeiro e segundo graus 122. Há necessidade, no entanto, de estudos mais bem estruturados e detalhados quanto aos componentes da planta utilizados, para confirmação dessa indicação.
            Em relação a feridas, as referências são mais claras no tratamento de úlceras herpéticas e outras úlceras, podendo ser atribuída sua efetividade a ação antiviral, observada com gel a 80% 109.
            Revisão sobre o uso de Aloe em queimaduras selecionou entre1069 estudos apenas 4 que preenchiam as condições estabelecidas, resultando num total de 371 pacientes. A conclusão foi de que o tratamento com a planta pode ser de valia, em queimaduras de primeiro e segundo graus, comparando com outros tratamentos usuais (antibióticos, vaselina), mas que seriam importantes outros estudos estruturados 110.
            No tratamento da dermatite decorrente de radioterapia, os estudos mostram resultados controversos. A maior parte dos estudos não mostrou resultado efetivo. Comparando-se com o uso de corticóides locais, o resultado com gel de Aloe foi favorável, e com menos efeitos adversos. No entanto, a idéia de que se devem fazer mais estudos persiste123; 124.
Revisão sistmática quanto ao uso da planta em escaras de decúbito não mostrou resultado benéfico, porém os estudos eram escassos 125.
            Utilizando extrato versus placebo, com 60 pacientes, demonstrou-se atuação muito vantajosa no tratamento de psoríase com creme de Aloe vera 126; outros estudos, posteriores, também mostraram bons resultados, inclusive comparando com corticóide 127; 128.
            Estudo bem conduzido demonstrou eficácia no tratamento do líquen plano oral, conforme revisão de estudos controlados129. Outra revisão menciona 28 estudos, concluindo que as evidências a favor de Aloe vera são fracas, porém nenhum tratamento se mostrou muito superior, incluindo corticóides e ciclosporina 130.
            Revisão sobre o uso dermatológica da planta localizou 40 estudos, mencionando inúmeros usos com potencial benéfico sobre herpes, psoríase, lesões causadas pelo HPV, líquen plano, xerose, queimaduras , dermatite seborréica cicatrização e inflamação. Apesar de haver indicações promissoras, na maior parte dos casos seria necessário aprofundar a exploração para se poderem ter conclusões definitivas 131

Diabete
            Vários autores comprovaram efeito hipoglicêmicos em ratos e coelhos diabéticos. A ação hipoglicêmica parece dever-se a mediação da estimulação, síntese ou liberação da insulina no pâncreas 107; 132.
            Revisão sistemática sobre vários tratamentos herbáceos para diabéticos chegou à conclusão que não há evidências suficientes para conclusões definitivas sobre a maior parte delas, mas que há fortes indicações em relação a benefício quanto ao ginseng americano e Coccínea indica, mas boas indicações, que exigem estudos mais amplos, sobre outras, entre as quais se inclui Aloe vera 133.
            Outra revisão, abordando os estudos disponíveis sobre o controle do quadro diabético utilizando Aloe por via oral mostrou que forma demonstrados benefícios, porém que há necessidade de mais estudos consistentes, para plena conclusão, uma vez que o que existe peca pela falta de homogeneidade de métodos 122.

Controle da lipidemia
            Revisão avaliando estudos controlados concluiu que embora haja indícios de que o uso oral de Aloe influa favoravelmente sobre a lipidemia, em especial sobre a trigliceridemia, os resultados são controversos, não permitindo a indicação precisa com esse fim 122.

Efeitos sobre o trato digestivo
            Efeito profilático e cicatrizante sobre úlceras gástricas com o gel foi obtido em animais e em humanos, e atribuído a moléculas grandes , porém há estudos que não levaram ao efeito benéfico esperado 134.
            Em revisão sobre atuação de Aloe sobre a defesa no trato gastrointestinal, refere-se que a sua ação seria sobre os mastócitos, estabilizando-os, o que seria uma condição importante na citoproteção digestiva 135.
            Tradicionalmente se tem utilizado o exsudato das folhas para a obtenção de efeito laxante, atribuído às antraquinonas107; 136 .
            Revisão avaliando estudos controlados comenta que, a despeito de haver falta de evidências, Aloe tem sido amplamente empregada no tratamento de colite. No entanto, os poucos estudos disponíveis mostram que o produto utilizado por via oral teve resultado melhor que o do placebo, melhorando o aspecto histológico e não demonstrando efeitos adversos importantes. Também há poucas referências sobre o tratamento de refluxo, e o resultado parece ser desfavorável. Há várias referências de melhora de mucosite conseqüente ao tratamento antineoplásico 122.   

Efeito anticancerígeno
            Já desde a segunda metade do século 20,descreve-se que o uso de “suco” de babosa (ao que tudo indica, do gel), como preventivo do câncer de pulmão e de outros órgãos. Também se descreveu a ativação de macrófagos como mecanismo de estimulação imunitária. Em cultura de hepatócito murino, o gel inibiu a carcinogênese, assim como se observou a regressão tumoral com extratos107.

Anti-inflamatório
            Revisão comenta que o uso nas dores devidas a artrite é feito tradicionalmente, há séculos, mas que as evidências científicas de bom nivel são escassas. Comenta ainda que seu uso poderia ser útil sob dois pontos de vista: pela sua ação anti-inflamatória específica, e por diminuir a irritação gastrointestinal provocada pelo uso de outros agentes anti-inflamatórios 122.

Efeito antioxidante
            Foram descritos efeitos atribuíveis a ação antioxidante. Por exemplo, em ratos, uso de longo prazo do gel trouxe benéficos sobre envelhecimento, cardiopatia, nefropatia, na prevenção de problemas tromboembólicos. O efeito antioxidante pode ser atribuído à capacidade do gel reduzir radicais livres pelo dióxido de carbono supercrítico e foi demonstrado ser mais potente que butil-hidroxianisol e α-tocoferol107.

Outros efeitos benéficos
            Várias outras aplicações terapêuticas têm sido descritas.
          Menciona-se na medicina ayurvédica o uso de Aloe como coadjuvante no tratamento de infertilidade feminina 137.
            Descreveu-se ação redutora dos hormônios tireoidianos, embora menos potente que a de Aegle marmelos, mas com a vantagem de, além de não ser hepatotóxico, proteger o fígado, o que pode ser útil no tratamento de hipertireoidismo moderado. Também foi demonstrada, em ratos, que a ingestão do gel reduziu a calcitonina e dos níveis do paratormônio. Descreveu-se vantagem no uso odontológico, melhorando a dor e a cicatrização de cirurgia periodontal. O uso veterinário, no tratamento de pruridos, feridas, alergias, dores e inflamações, também tem sido descrito107.


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Produtos existentes e registrados no mercado brasileiro

Probeks ® Hebron- Creme dermatológico. Tubo com 50g.
Aloax ® Ativus farmacêutica- Gel com 3% de polissacarídeos totais (ou seja, 1,5mg e, tubo de 50g)

                                                                          -o-o-o-                                     


  •         Psílio (Plantago ovata)



                     Plantago ovata Forsskal é uma espécie frequentemente associada a outras duas, Plantago arenaria e Plantago indica sob um nome comum de Plantago psyllium. O nome popular é psyllium, em alguns textos aportuguesado para psílio ou psílium. Tem também alguma semelhança com a Plantago major, também chamada tanchagem. São espécies pertencentes à família Plantaginaceae, ordem Lamiales. O uso tradicional do psílio abrange várias situações, como abscessos, intoxicações, obstipação, diarreia, colite, doença de Crohn, obesidade, diabete, doenças de pele, como úlceras e panarícios, e outras. O uso medicinal é com as sementes e sua casca. Também tem sido utilizada em culinária, com as folhas e sementes em saladas, ou acrescentadas a iogurte. O nome psyllium deriva da palavra grega psylla (pulga), referindo-se à pequena dimensão das sementes1.
Há inúmeras outras espécies de Plantago, todas nativas do sul e oeste da Ásia, mas introduzidas e bem adaptadas em outras regiões, como no sudoeste dos Estados Unidos2.
Psyllium é classificado como fibra mucilaginosa, em função da sua grande capacidade de formar gel em água. Contém nas cascas uma alta proporção de hemicelulose, composta por um suporte de xilana ligado a unidades de arabinose, ramnose e ácido galacturônico (arabinoxilanas). Nas sementes há cerca de 35% de polissacáridos solúveis e 65% de insolúveis (celulose, hemicelulose e lignina). A formação de gel depende da função de reter água do endosperma da semente, cuja função fisiológica é evitar o ressecamento das mesmas. A fermentação dos polissacaridos da semente levam à produção dos ácidos graxos de cadeia curta. Em face do conteúdo em fibras, as sementes de psyllium, ingeridas, têm a propriedade de aumentarem o bolo fecal e os ácidos graxos de cadeia curta. A maior parte da quantidade ingerida alcança o ceco em cerca de 4 horas, e as cascas também aumentam o peso fecal3.
Psyllium também tem a capacidade de interferir no metabolismo lipídico, reduzindo o colesterol, porém o mecanismo não é de todo esclarecido. Estudos em animais demonstraram aumento da colesterol-7-alfa-hidroxilase (citocromo 7A, ou CYP-7A) mais que o dobro do que fazem celulose e aveia, mas menos que colestiramina. Em animais submetidos a dieta hipergordurosa, aumentou a atividade da colesterol-7-alfa hidroxilase e também da HMG-CoA redutase. O mesmo parece ter ocorrido em humanos, em que se observou redução do LDL-colesterol, por estimulação da síntese dos ácidos biliares3.

Indicações clínicas

Constipação intestinal
            A ingestão de 15 a 30g de sementes por dia produz melhora na grande maioria de casos de prisão de ventre crônica de causa indefinida e mesmo houve melhora em pacientes com retocele, prolapso e hipossensitividade retal3.

Incontinência fecal
            Pacientes incontinentes, com fezes líquidas ou diarréia, também demonstraram melhora, pois o aumento do bolo fecal, especialmente se acompanhado da administração de goma arábica, reduziu a perda3.

Hemorróidas
            A melhora do quadro clínico de portadores de hemorróidas é um corolário dos efeitos sobre a melhora da evacuação, porque propicia melhora da congestão perianal, e, consequentemente, do sangramento. Esse benefício é observado, em geral, após um mínimo de 30 dias de tratamento3. Em pacientes submetidos a hemorroidectomia, a administração de Plantago ovata, diminuiu o tempo de hospitalização, por reduzir-se a dor e o tenesmo4.

Colite ulcerativa
            Tudo indica que a administração de psílio (10 g, duas vezes ao dia) a portadores de colite ulcerativa leva a aumento do ácido butírico, favorecendo a remissão do quadro3.

Síndrome do intestino irritável
            Estudo em ratos transgênicos demonstrou melhora do quadro inflamatório colônico, evidenciado pelo aspecto citoarquitetural e associado com a diminuição de mediadores pró-inflamatórios, como óxido nítrico, leucotrieno B4, fator de necrose tumoral alfa (TNFα). Demonstrou-se ainda aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta, butirato e propionato (estes com atividade, demonstrada in vitro, de reduzir a produção de TNFα)5.
Revisão sobre várias plantas utilizadas no tratamento da doença inflamatória intestinal no Irã considera Plantago ovata e Plantago psyllium efetivas, melhorando o processo inflamatório e a citoarquitetura intestinal. Atua através do óxido nítrico, leucotrieno B4 e TNF-α e também aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Os mucopolissacárides da planta propiciam cicatrização e limitam a cicatriz. Comparando com o tratamento com mesalamina, o fitoterápico foi eficiente no mesmo grau6.

Redução do risco de câncer colo-retal
            Pessoas que não têm hábito de praticarem exercícios físicos comprovadamente têm maior risco de câncer de colon. Esse risco se associa à incidência de constipação. Quando consumidores de psílio, o risco diminui significativamente7.
            Em cultura de células de câncer intestinal de diferentes fenotipos tratadas com Plantago ovata, fermentada com bactérias anaeróbias comuns na flora intestinal, demonstrou-se a capacidade protetora  do fitoterápico, pois observou-se apoptose (em todos os tipos de células cancerosas), tanto em células de câncer primário, como nas de câncer metastático. Os autores tecem explicações para  os mecanismos intrínsecos e extrínsecos observados e sugerem que psyllium possa ser considerado como um bom adjuvante da terapêutica quimioterápica8.

Controle do apetite e perda de peso
            A ingestão de 20g de psyllium 3 horas antes da refeição e logo após a ingestão alimentar leva a sensação de plenitude e pode ser um método para auxílio do controle ponderal, inclusive por diminuir a ingestão gordurosa3. Um grupo de 200 pacientes obesos, ou com sobrepeso, foi submetido a estudo duplo-cego, controlado por placebo, com 3 braços: ao primeiro, administradas 2 doses diárias de psyllium; ao segundo, 3 doses diárias; ao terceiro, placebo. A todos, prescrita dieta hipocalórica. Seguidos por 16 semanas, observou-se tendência a maior perda ponderal nos grupos que utilizaram fibras, porém não houve diferença significativa, do ponto de vista estatístico. No entanto, embora em todos tenha havido redução de lipidemia, nos grupos medicados a diferença foi maior, com significância. Não se observou diferença na glicemia, nos níveis de proteína c-reativa, ou na insulinemia9.

Controle da lipidemia
            Estudos, tanto em animais, como em humanos demonstraram a capacidade de redução da lipidemia pelo uso de Plantago ovata. A redução foi entre 3,5 e 25%, em diferentes estudos, conforme revisão realizada até 20023. Em crianças e adolescentes obesos e dislipidêmicos, a administração de Plantago ovata reduziu o LDL-colesterol entre 2 e 23%, e os triglicérides em até 8,5%10.
Em homens com doença cardíaca isquêmica, psílio foi considerado bom método de prevenção secundária, uma vez que reduziu o triacilglicerol (6,7%), a relação apo-B/apo-A-1 (4,7%), e apo-A-1 aumentou (4,3%), comparando-se com um grupo que consumiu fibras insolúveis. Também houve aumento do HDL-colesterol (6,7%), com decréscimo da relação colesterol total/HDL (10,6%) e LDL/HDL (14,2%). Todas essas porcentagens foram estatisticamente significantes11. Em estudo multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado, com pacientes dislipidêmicos, o fitoterápico promoveu melhora dos biomarcadores de doença cardiovascular, como a lipidemia, apolipoproteína-B, insulina, em níveis significativos, do ponto de vista  estatístico, além de reduzir a pressão arterial12.

Influência sobre o diabete
            Estudo em ratos diabéticos obesos demonstrou que complementando a dieta com psyllium houve prevenção de disfunção endotelial, da hipertensão e da obesidade, melhorando a dislipidemia e a concentração plasmática de adiponectina e TNF-α13. Em ratos com diabete tipo 1 e tipo 2 comprovou-se que houve redução do excesso glicêmico por diminuição da absorção intestinal de glicídios e melhora do peristaltismo14.
            Observou-se, em homens diabéticos e dislipidêmicos, não só a redução da lipidemia, mas diminuição do pico de elevação glicêmica pós-prandial3. Em crianças e adolescentes obesos, o tratamento com psílio reduziu a glicemia pós-prandial em 12 a 20%15. Estudo duplo cego, placebo-controlado com 45 pacierntes diabéticos demonstrou melhora não só do nível glicêmico em jejum, mas ainda da hemoglobina glicada e também da lipidemia16.

Influência sobre cicatrização
            Os mucopolissacárides do psílio demonstraram influir melhorando a cicatrização e limitando a cicatriz, quando aplicados em solução hidrocolóide sobre as lesões, provocando aderência bacteriana no hidrocolóide, entre 2 e 3 horas, e também estimulando os macrófagos, sem desenvolver de modo significativo manifestações alérgicas ou irritativas17. Estudo in vitro demonstrou que os poilissacáridos hidrossolúveis de Plantago ovata exerceram intenso efeito em queratinócitos e fibroblastos. A linhagem de queratinócitos HaCaT foi estimulada, de modo dose-dependente. Arabinoxilana demonstrou efeito sobre a expressão de fator de crescimento dos queratinócitos (KGF) nas células HaCaT. O comportamento de diferenciação dos queratinócitos humanos normais foi influenciado, embora menos, pela estimulação da proliferação celular e indução indireta da diferenciação celular18.

Interações medicamentosas
            Estudo em coelhos demonstrou que, ao contrário de goma-guar, psílio aumentou levemente a absorção de etinilestradiol, embora propiciando uma absorção mais lenta. Outros estudos não mostraram alterações séricas de drogas3.
Em coelhos, o uso de psyllium concomitantemente a levodopa (associada a carbidopa), por 2 semanas, mostrou elevação do nível sérico da droga, elevando-se com o correr do tempo e ainda maior com dose maior de fibras. A eliminação de levodopa também foi mais lenta no grupo que utilizou fibras. Esse achado já havia sido observado em estudos prévios, e tem implicação potencial no tratamento de pacientes com doença de Parkinson, aos quais é prescrita levodopa, de modo favorável, até, pois propicia menos efeitos adversos, maior tempo eficaz de ação da droga. A explicação sugerida pelos autores é de que psyllium aja sobre componentes enzimáticos importantes na absorção da droga, ou ainda que retenha a substância, propiciando mais absorção em áreas intestinais mais distantes19; 20; 21.

Efeitos adversos e toxicidade
            Afora uma possível diminuição de vitamina B12, com uso prolongado do produto medicamentoso, não foram encontradas reações adversas, nem alterações nos níveis séricos de sais minerais e vitaminas. Há relatos de manifestações alérgicas3. Entre os casos alérgicos descritos, uma mulher que desenvolveu urticária após dois anos de uso22. Houve obstrução esofágica em alguns pacientes que utilizaram a medicação em grânulos, sem a devida ingestão de líquido em quantidade suficiente, o que poderia ter sido evitado, com o esclarecimento e informação adequados, ao se fazer a prescrição23. Esses casos levaram a agência reguladora americana a regulamentar que, para uso sem receita médica, não seriam liberadas fórmulas em grânulos24.

Contraindicações
            Como há relatos de manifestações alérgicas, não deve ser administrado a pessoas com essa característica, e, inclusive, deve ser levado em consideração com equipes de saúde que tratem de pacientes usuários dessa fibra3; 24.

Referências
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14- Moreno LA, Tresaco B, Bueno G, Fleta J, Rodriguez G, Garagorri JM, Bueno M- Psyllium and the metabolic control of obese children ans adolescents. J Physiol Biochem 2003; 59(3): 235-42
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20- Diez MJ, Garcia JJ, Prieto C, Fernandez N, Sahagun A, Sierra M- The hydrosoluble fiber Plantago ovata husk improves levodopa (with carbidopa) bioavailability after repeated administration. Journal of Neurological Sciences 2008; 271: 15-20
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Medicamentos produzidos e registrados no Brasil

Fibracare ® Herbarium- pó. Sachês de 5,6g, para dissolução em água.
Metamucil ® Procter & Gamble- pó, em duas apresentações, sabor laranja, uma delas sem açúcar.
Parapsyl ® Farmasa- Sachês, com associação de parafina líquida microcapsulada 3,33g e pó de psyllium 3,33g.

Em associação:
Plantax ® Farmion- Associação com Sene. Apresentação em granulado para ingestão com líquidos.
Agiolax®Nycomed- grânulos –Associação com Senna alexandrina (sene)

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          •    Salgueiro (Salix Alba)
                       
                    
                      Salix alba., também conhecido popularmente como salgueiro branco, salgueiro, sinceiro e vineiro é um arbusto pertencente a família das Sallicaceas   originário de regiões temperadas do hemisfério norte (Europa,  Ásia e América do Norte )  cuja distribuição é praticamente universal.  Cresce em solos úmidos e em beira de rio podendo atingir alturas que variam entre 6 e 25m.  É conhecida por suas propriedades em estados febris e dores reumáticas1. Seu uso com essas finalidades é referido através de relatos observacionais desde a Grécia. Hipócrates preconizava o emprego do salgueiro como remédio para acalmar as dores do parto e diminuir a febre. Dioscorides, em seu livro De Matéria Medica (50DC) recomenda o uso “com um pouco de pimenta e vinho” de preparaçõesfeitas com a casca da planta, para tratar gota e outras doenças inflamatórias. As primeiras publicações surgiram em 1763 quando o reverendo inglês Edward Stone descreveu o uso do extrato da casca de salgueiro no tratamento da malária. No Século XIX vários cientistas, entre eles os italianos Raffaele Piria e Casare Bertagnini descreveram os processos biológicos de extração e síntese química dos salicilatos, analisaram suas propriedades terapêuticas e sua características farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Em 1899, a Bayer, indústria farmacêutica, registrou o ácido acetisalicílico, derivado do ácido salicílico do salgueiro, com o nome de aspirina. A palavra aspirina foi composta por a (ácido) + spir ( do nome espírico, atribuído por Löwig ao ácido salicílico, que ele sintetizara) + ina (sufixo). No século XX estava bem definida a aplicação da aspirina como terapia anti reumática e então Lawrense L Crawnen identificou nessa droga a propriedade antiagregante plaquetária. Como o ácido acetil-salicílico é geralmente mais bem tolerado que o salicílico, de certa forma o uso do salgueiro e de outras plantas que contêm salicina foi ficando obsoleto2; 3.
Rainsford (2007) lembra que historicamente os antiinflamatórios tiveram sua origem a partir dos componentes de certas plantas usados como extrato no alivio de dores, febre e inflamação, considerando o papel do Salix alba de grande importância4.
Quanto ao seu nome botânico Salix, é um termo latino formado pela união dos vocábulos sal (água) e lix (cerca), uma alusão ao lugar onde crescem as árvores desse gênero.
A parte utilizada da planta, como medicamento é a casca e também as folhas.
Com alguma freqüência, outras espécies de Salix, como S. fragilis e S. purpúrea, também produtoras de salicina, são utilizadas indiferentemente de S. alba3
Entre os princípios ativos do salgueiro estão glicosídeos fenólicos: salicina (principal), salicortina, tremulancia, salirreposídeo. Também álcool salicílico; ácidos salicílico, vainílico, sirengico e cafeínico; flavonóides (albim, apigenina, astragalina, quercetina,  rutina); taninos condensados; sais minerais; ácidos p-cumarínico; catequinas; ácidos e aldeídos aromáticos (vanilina, seringina e seringena aldeído)5  . O gosto amargo e o efeito irritante sobre a mucosa gástrica provavelmente decorrem da presença de taninos (entre  8 e 20%)3. A salicina e seus ésteres são absorvidos no intestino e se transformam em saliginina para posteriormente ser metabolizada e levada ao fígado, onde é convertida por oxidação em ácido salicílico.
Artigo publicado em 2012 enfatiza as propriedades do Salix alba referindo que a salicina, e o ácido salicínico proveniente da planta é mais efetivo e menos tóxico que o ácido acetilsalicílico, podendo ser utilizado para fabricação de outros medicamentos6.
Demonstrou-se atividade fungicida de uma preparação de Salix alba em relação ao Peniclium digetatum e o Bortrytis cinerea7.
Revisão através de levantamento bibliográfico em bases de dados Medline (1966-2003), Embase (1980-2003), Cochrane( 2003), avaliou 10 estudos selecionados com tratamento de dores lombares com antiinflamatórios e fitoterápicos, dentre eles o Salix alba, concluindo haver melhora das dores com dose de 120 a 240mg/dia de salicina o que equivaleria a 12.5mg/dia de rofecoxib8.
Estudo clínico placebo-controlado com 210 pacientes com queixa de dores lombares com uso de Salix alba, em doses de 120mg e 240mg/dia de extrato seco concluiu que os resultados foram superiores ao placebo com as doses maiores do extrato9.
Estudo  prospectivo com 12 pacientes com diagnóstico de enxaqueca sem aura tratados com Salix alba 300mg/dia  associado a Tanacetum parthenium 300mg/dia, durante 12 semanas,  confirma efeito com diminuição da freqüência e intensidade de duração das crises10.
Indicações
            O salgueiro é indicado, conforme a Comissão E, em 1992, para doenças febris, problemas reumáticos e cefaléia3.

Efeitos adversos
O efeito adverso mais comum é o processo irritativo gástrico. Bessone, 2010 enfatiza os riscos do efeitos colaterais da prescrição antiinflamatorios não esteroidais no tratamento de processos dolorosos e de dores, principalmente lesões hepáticas12.

Contraindicações
Pacientes com problemas de úlcera gastrointestinal, hemofilia, trombocitopenia, hemorragias uterinas, hiperestrogenismo e bronquiectasias e durante a lactação Existem resposta individuais de hipersensibilidade em alguns pacientes asmáticos, diabéticos ou com transtornos hepáticos13.

Interacões medicamentosas
Há relatos de interferir com tratamentos com anticoagulantes e estrogênio. Também com metrotexate, metoclopramida, fenitoína, espirolonolactona e valproato14.


Referências
1- Alonso J- Tratado de Fitofármacos e Nutracéuticos. Editora Corpus, Argentina, 2007. Pg. 928-32
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3- Shultz V, Hänsel R, Tyler VE- Fitoterapia racional. Editora Manole Ltda, Barueri, SP, 2001, pg176
4- Rainsford KD- Anti-infammatory drugs in the 21stcentury. Subcell Biochem 2007, 41: 3-27
5- www. embrafarma.com.br
6- Wick JY.- Aspirin: a history, a Love story. Consult Pharm 2012, May 27 (5): 322-9
7- Blaschek W, Von Bruchhausen F, Ebel S et al. Hagers Handbuch der Pharmazeutischen Praxis. Berlinm Germany; Springer; 1998: 469-477
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10- Shrivastava R, Pechadre JC, John GW.- Tanacentum parthenium and Salix alba (Mig-RL) combination in migraine prophylaxis: a prospective, open-label study. Clinical Drug Investigation 2006, 26: 287-96
11- Bessone F- Non-steroidal anti-inflammatory drugs: What is the actual risk of live damage? World J Gastroenterol 2010 dec 7; 16 (45): 5651-61
12- Chevallier A. Plantas Medicinales; editorial El Ateneo, Buenos Aires, 2007, pg196
13- Martinale: The extra pharmacopeia. 30º Ed. Reynolds J London. The Pharmaceutical Press 1993

Medicamentos produzidos e registrados no Brasil
Galenogal ® Hertz- Extrato seco. Apresentação de 150 e de 600mg
Zortrix ® Ativus- Extrato seco. Comprimidos com 400mg.

                                                                          -o-o-o-


  • Hortelã (Mentha piperita)



            Mentha piperita L. (menta, hortelã-pimenta, hortelã) é um vegetal perene, nativo da Europa, mas cultivado pelo mundo todo. É considerado um híbrido de Mentha spicata L. e de Mentha aquatica L. (ambas também conhecidas como hortelã; em inglês, repectivamente spearmint e water-mint). Cresce bem em solos úmidos. É conhecida pelo seu aroma, e é utilizada tanto sob a forma de folhas frescas ou secas, como pelo seu óleo essencial, em inúmeros produtos cosméticos, alimentares e farmacêuticos 1.
            A parte utilizada é a folha, cujos componentes químicos variam muito, dependendo da variedade e maturidade da planta, a região de cultivo, as condições de processamento. Contém ácidos graxos, predominantemente os ácidos palmítico, linoléico e linolênico. No óleo essencial, os principais componentes voláteis são o mentol (30 a 60%), mentona (15 a 32%), isomentona, eucaliptol, mentil-acetato, mentofurano, limoneno, β-mirceno, β-cariofileno, pulegona e carvona. As folhas contêm 1,2 a 3,9% de óleo essencial, mas a infusão de folhas secas contêm 21% do óleo original (25mg/L). As proporções dos vários componentes podem variar no óleo e no chá. Contem vitaminas, incluindo β-caroteno (retinol), outros carotenóides, clorofilas, α- e γ-tocoferol, ácido ascórbico. Encontram-se também minerais, como potássio, magnésio e cálcio, sódio, ferro, zinco, cobre, além de traços de cromo, iodo, selênio. O conteúdo fenólico total situa-se entre 19 e 23% (flavonóides totais, 12%), incluindo 59 a 60% de ácido eriocitrino e rosmarínico, 7 a 12% de luteolina 7-O-rutinoside, 6 a 10% de hesperidina, e pequenas quantidades de 5,6-diidroxi-7,8,3’,4’-tetrametoxiflavona, pebrelina, gardenina-B e apigenina. Cerca de 75% dos compostos polifenólicos presentes nas folhas são extraídos na infusão1.
  • Capacidade antioxidante
            Vários autores estudaram a capacidade de redução de radicais livres da hortelã, inclusive comparando com a de outras ervas, concluindo que essa capacidade é muito elevada, superando a maioria das plantas pesquisadas, com exceção de chá verde e preto (ambos Cammelia sinensis, mas obtidos de formas diferentes)1.
  • Atividade antiviral
            Foi demonstrada capacidade de inibição de vários tipos virais, como o da influenza, do herpes simples, da vaccínia, tanto somente com extrato aquoso de Mentha, como com a combinação desta com outras plantas. O extrato aquoso mostrou redução significativa da atividade do vírus HIV sobre as células MT-4 e sobre a transcriptase reversa 1.
            Em estudo in vitro e ex-vivo, com extratos aquosos de 3 plantas da família Lamiaceae (melissa, sálvia e hortelã), demonstrando sua grande capacidade de reduzir a infectividade do HIV-I, em concentrações não-citotóxicas. O modo de ação pareceu ser a redução da densidade viral antes da adesividade do mesmo às células. A exposição direta da cultura viral a cada extrato diminuiu acentuadamente sua replicação, de modo dose-dependente.  Os autores mencionam que esses extratos também possuem alta capacidade no combate aos herpesvirus tipo 2. Sugerem seu potencial no desenvolvimento de medicamento para uso tópico vaginal com finalidade preventiva como muito promissor 2.
  • Atividade antibacteriana
            O óleo de hortelã, o mentol e a mentona tiveram atividade inibitória sobre vários tipos de bactérias, patógenos humanos e também vegetais, incluindo alguns Staphylococcus, Listeria, Pseudomonas, Salmonella, Enterococcus, Streptococcus, Escherichia, e outros 1.
            Pesquisadores da UNESP investigaram o potencial antimicrobiano contra cepas de Staphylococcus aureus de várias plantas (guaco-Mikania glomerata-, goiaba-Psidium guajava-, cravo – Syzygium aromaticum-, alho –Allium sativum-, capim-limão – Cymbogon citratus-, gengibre – Zingiber officinale-, carqueja- Baccharis trimera- e hortelã –Mentha piperita). Concluíram que todas elas tiveram ação inibidora do crescimento bacteriano. O melhor potencial foi o do cravo (inibição bacteriana com 0,09% na solução), e o pior o de capim-limão (inibição com 4,46%), ficando hortelã com valor intermediário (0,55%) 3.
            Em estudo comparando a efetividade do óleo contra várias bactérias, ficou demonstrada sua capacidade bactericida, em ordem decrescente, contra E. coli, S. aureus, Pseudomonas aeruginosa, S. faecalis, Klebsiella pneumoniae 4.
  • Atividade fungicida
            Atividade fungicida, ao menos moderada, sobre Candida, Criptococcus, Tricophyton, Aspergillus, e outros, foi demonstrada por alguns estudos1.
            Pesquisadores brasileiros (UNICAMP) investigaram o potencial de atuação contra várias espécies de leveduras do gênero Candida, de várias plantas, entre elas Mentha piperita, utilizando extrato com metanol e com diclorometano. Menta atuou com grande eficácia sobre todas as cepas pesquisadas, porém somente com o extrato metanólico 5.
  • Atividade antitumoral
            Diversos estudos avaliaram a capacidade antitumoral, por vários métodos e sobre vários tipos de tumores, concluindo que hortelã (ou mentol) reduziu a mutagênese, ou a reprodução celular tumoral, ou enzimas relacionadas à tumorigênese. Há também sugestão de que Mentha piperita atue através da intervenção sobre o citocromo P450, interferindo sobre a ação de drogas que exijam esse mecanismo1.
            Em cultura de células HeLa, menta provocou efeito citotóxico, destruindo 98,48% das células, na dose de 0,02µl/mL de óleo e permanecendo citotóxico mesmo em dose mais baixa. Os autores ainda pesquisaram o uso por via oral em animais com câncer de pulmão, obtendo 67,92% dos tumores. Comentam ainda a possibilidade de seu uso como quimiopreventivo do câncer 4.
  • Ação gastrointestinal
            Vários estudos demonstraram ação dose-dependente sobre a musculatura e o processo secretório gastrointestinal, em diferentes modelos animais, tanto com extratos de folhas frescas, como secas, como com o óleo. O processo de relaxamento muscular parece dever-se a efeito antagonista sobre a acetilcolina e não sobre efeito adrenérgico. Parece haver também bloqueio dos canais de cálcio. Outro efeito descrito foi o colerético, mas em doses mais altas, e parecendo dever-se a inibição da colestase, pela inibição da ligação do β-D-glucuronídeo. Demonstrou-se ainda redução da produção sulfídrica no intestino grosso (melhora na flatulência). No entanto, o acréscimo dietético de chá de hortelã reduziu a absorção de ferro e os níveis de ferritina 1; 6.
            Em revisão sobre refluxo gastroesofágico, entre outros produtos, a autora relata que o óleo de Mentha piperita apresenta benefícios, acelerando a fase inicial de esvasiamento gástrico, aumentando o tempo de relaxamento pilórico e diminuindo a pressão esfincteriana do esôfago terminal 7.
  • Ação hepática e renal
            Em ratos, foi demonstrada atuação hepática através do citocromo P450 e isoformas dele, o que propiciou aumento da atuação da ciclosporina. Embora elevando-se a fosfatase alcalina, também em ratos, não houve alteração de outras enzimas hepáticas, nem da bilirrubina, e nem do aspecto histológico hepático. No entanto, estudos comparando Mentha piperita e Mentha spicata, mostraram mínimas degenerações do hepatocito, ainda menores com a primeira. Quanto ao aspecto renal, comparando as mesmas duas espécies, embora autores não tenham encontrado alterações renais, outros estudos demonstraram que M. spicata provocou elevação da dosagem de uréia e creatinina (mas não M. piperita), e houve degeneração hidrópica tubular, muito menos acentuado no grupo piperita1.
  • Potencial quimiopreventivo
            Em alguns estudos, hortelã reduziu a capacidade de indução tumoral do tabaco, do antraceno, da radiação gama1.
  • Potencial radioprotetor
            Estudo em que a camundongos foi administrado oralmente extrato de hortelã em diferentes doses (0,125, 0,25, 0,5, 1, 2, 3, e 4g/kg de peso) por 3 dias consecutivos, seguindo-se de radiação gama também em diferentes doses (4, 6, 8 e 10 Gy) . Após 10 dias, sacrificado o primeiro grupo, removido o baço e contados os nódulos formados na superfície do órgão. Os demais foram observados por 30 dias. Foi feito controle hematológico,  colhendo sangue da cauda, com 6, 12, 24 e 48 horas, e com 5, 10, 20 e 30 dias. Foi avaliado nesse sangue o perfil hematológico, a glutationa (GSH), a peroxidação lipídica (LPO) e a fosfatase alcalina(FA). Observou-se que todos os animais irradiados que haviam recebido as duas doses mais baixas do extrato morreram em até 11 dias, Nas quatro dosagens seguintes, a sobrevida foi respectivamente de 70%, 82%(os que haviam recebido 1g/kg), 60% e 40%, levando à conclusão de que a melhor dose protetora foi a de 1g/kg de peso. Esse grupo foi então analisado e comparado com o que somente havia recebido menta, e que não havia apresentado alterações, e com os que haviam recebido somente irradiação. Nos animais controle houve diminuição dose-dependente de GSH, elevação de POL, ao contrário do grupo tratado com menta, em que houve elevação de GSH e diminuição de POL, embora abaixo do nível normal. A FA se elevou no grupo menta + radiação, mas tendendo a voltar ao normal progressivamente com o passar do tempo. Os autores concluíram pela evidência de radioproteção pela menta8.
Em camundongos tratados com extrato de hortelã (1g/Kg) por 3 dias, depois submetidos a radiação gama, observando-se que, ao contrário dos ratos controle, nos quais houve acentuado decréscimo de todas as formas das células da medula óssea, o número e qualidade celular se manteve, ou até aumentou, assim como a eritropoietina também se manteve em níveis normais, em vez de diminuir. O autor atribui a proteção medular à manutenção da eritropoietina9.
            Comentando que os tempos atuais implicam um potencial de exposição a radiação por vários motivos,  desde as armas de guerra e terrorismo até os tratamentos e semiologia  médicos, impõe-se proteger as populações do dano causado pelos agentes radiativos, e comentando que plantas podem ser consideradas como muito prováveis de serem os agentes protetores, porque reúnem várias condições consideradas ideais, foi feita uma revisão pesquisando as plantas estudadas com esse fim. Foram encontrados 2 estudos com Mentha piperita, entre as 17 plantas mencionadas.O autor não se estendeu em comentários sobre esses achados10.
            Revisão abordando as várias publicações sobre a propriedade de radioproteção de Mentha piperita  e de Mentha arvensis concluiu que essas plantas não só protegem o organismo, diminuindo a letalidade, mas especialmente protegendo órgãos como testículos, sistema digestivo e hematopoiético, em camundongos. Os autores tentam explicar o mecanismo de ação através de atuação antioxidante e sobre radicais livres, de quelação de metais, antiinflamatório, antimutagênico e reparo do DNA11.
  • Atividade antialérgica
            Estudos em diferentes tipos celulares, de vários animais demonstraram atividade antialergênica relacionada aos flavonóides de Mentha piperita, e também ao mentol. Os flavonóides, reduzindo a liberação de histamina e a reação antígeno-anticorpo. O mentol, interferindo sobre a reação inflamatória, pela redução de leucotrienos, interleucina e prostaglandina E2. Também demonstrou-se a ação do humuleno (sesquiterpeno)1.
            Estudos utilizando extrato por via oral reduziu a resposta alergênica nasal, atribuindo-se essa ação aos flavonóides. O óleo também reduziu, por via peritoneal, em porquinhos da Índia, os anticorpos IgE, melhorando a anafilaxia cutânea. Extrato obtido de folha secas reduziu a reação granulomatosa, portanto com efeito antiinflamatório de longa duração. E ainda foi observada redução da broncoconstrição induzida por capsaicina1. Entre vários glicosídeos extraídos das folhas de Mentha piperita, luteolin-7-O- rutinosideo mostrou potente ação contra a liberação de histamina induzida por reação antígeno-anticorpo a composto conhecido como alergênico, em ratos, indicando sua potencial utilidade no tratamento da rinite12.
  • Atuação sobre o sistema nervoso
            Camundongos foram submetidos a injeção subcutânea de extrato aquoso de menta (200, ou 400mg/Kg) antes de receberem nova injeção subcutânea, de ácido acético, ou estímulo térmico, observando-se efeito analgésico com ambas as dosagens13.
As substâncias da hortelã agem tanto no sistema nervoso central como no periférico, de forma significativa. Descreveu-se efeito analgésico (em modelo com estímulo por calor), em ratos e mesmo efeito anestésico local, em coelhos. O extrato aquoso provocou sedação, aumentando o efeito de barbitúricos, e também diminuindo a atividade motora. Não houve, no entanto, alteração dos reflexos motores, em camundongos acordados. Por outro lado, constituintes do extrato, como 1,8-cineol, mentona, isomentona, pulegona, mentol, mentil acetato e cariofileno aumentaram significativa o comportamento motor. Tudo indica que a dopamina deve ser o mediador do efeito da hortelã1.
  • Ação antidiabética
Mencionando estudo em que foi administrada menta a ratas diabéticas, trazendo benefícios terapêuticos e preventivos das complicações das crias, e que outros estudos mostram que as substâncias antioxidantes da planta podem exercer efeito favorável na evolução da doença, pesquisadores brasileiros, em estudo multicêntrico, avaliaram as crias de ratas portadoras de diabete, uma vez que o distúrbio endócrino da mãe afeta também os filhos, que permanecem com risco de também serem portadores do distúrbio, perpetuando o quadro. Após indução de diabete por injeção de streptozoina, as fêmeas foram fecundadas por ratos não-diabéticos. Após o nascimento, as crias receberam suco de hortelã diariamente. O suco foi preparado na proporção de 100g de folhas secas e trituradas por litro de água, e após filtração, congelado e armazenado. O descongelamento foi feito em temperatura ambiente, 2 horas antes da administração. A dose calculada para equivaler a cerca de 200ml de suco que uma pessoa tomaria, foi de 0,29g/kg, por dia, e foi administrada durante 30 dias, após os quais foram sacrificados. Nessa ocasião, colhido sangue para dosar colesterol total e frações, triglicerídeos, glicemia. As crias de ratas diabéticas mostraram níveis glicêmicos e lipidêmicos mais altos, mas as tratadas com suco de menta tiveram níveis mais baixos. Entre os filhotes das ratas-controles também tratadas com o suco, houve benefício equivalente, quanto à lipidemia (não houve diferença quanto à glicemia, uma vez que esta não se alterou)14
Estudos em humanos. Potencial terapêutico
  • Efeito sobre bioavaliedade de drogas e nutrientes; metabolismo
            Relatou-se que Mentha atuou interferindo sobre o citocromo P450, aumentando a concentração plasmática de bloqueador de canais de cálcio. Também foi referida a intervenção sobre a absorção de ferro não-heme pelo chá de hortelã, em intensidade semelhante à do chá preto, dependendo da proporção de polifenóis1.
  • Ação gastrointestinal
            A Comissão E alemã aprovou o chá de hortelã para tratamento de dispepsia. O uso de extrato também foi aprovado como antiespasmódico, para colecistopatia e síndrome do intestino irritável1.
            O óleo de hortelã inibe o esvasiamento da vesícula biliar, a motilidade do intestino delgado. Por via inalatória, reduziu náusea, mas sem significância estatística. Embora estudos demonstrem não influir sobre o esvasiamento gástrico, outros autores observaram aceleração desse processo1.
            Vários estudos demonstraram efeito antiespasmódico digestivo, tanto na realização de endoscopia, como em exames contrastados com bário15. Esse efeito tem utilidade no tratamento de dor abdominal e também em quadros dispépticos, e foi comprovado por muitos estudos, não só comparando com placebo, como com outros tratamentos herbáceos, e com metoclopramida1.
            Há referências favoráveis ao efeito de hortelã na síndrome do intestino irritável, tanto em adultos, quanto em crianças. Revisão encontrou 12 estudos placebo-controlados utilizando menta, dos quais 8 mostraram resultado bom, com poucos efeitos adversos (ardor perianal, sensações desconfortáveis), diferentemente dos anticolinérgicos, que não tiveram resultados superiores, e causaram boca seca e visão  turva. Os autores concluem que 1 a 2 cápsulas de menta ao dia, por 24 semanas, pode ser considerado tratamento de escolha nesses pacientes16.
  • Ação respiratória
            A Comissão E aprovou o uso de Mentha piperita para inflamação da mucosa oral e como anticatarral1.
            Relatou-se que mentol (mas não seus isômeros isomentol e neomentol) teve efeito farmacológico respiratório independente do aroma, sua inalação causando sensação de alívio respiratório, apesar de que a medida do fluxo não se alterar, porém esse efeito só foi obtido pela inalação, e não por outra via. O mesmo se observou quanto à redução da tosse. A explicação é que o mentol atua por estímulo das terminações nervosas nasais. Observou-se, inclusive, pela avaliação eletroencefalográfica, que a inalação de mentol diminuiu as ondas β, e aumentou as α, sugerindo atuação sobre a massa branca cerebral. Por outro lado, a administração oral de mentol e cineol reduziu a necessidade de corticóide em pacientes asmáticos. Como observou-se que o cineol provocou a redução de ácido araquidônico, de leucotrieno-4 e de prostaglandina E2 tanto em monócitos de asmáticos como de pacientes sem a afecção, fica a hipótese de que o efeito antiasmático se deva a redução do processo inflamatório1.
            Médicos israelenses, trabalhando com práticas complementares, testaram a inalação de associação de óleos aromáticos (Eucalyptus citriodora, Eucalyptus globulis, Mentha piperita, Origanum syriacum, Rosmarinum officinalis) e placebo, em paciente com manifestações respiratórias superiores, concluindo pela melhora com as plantas pesquisadas, em comparação com o placebo, porém por apenas 3 dias. A hipótese dos autores para a melhora foi a atuação antiinflamatória  e analgésica. Também justificam o término de efeito em 3 dias pela melhora natural. Os autores comentam que a obtenção de melhora com o spray aromático traz a vantagem de evitar a prescrição de antibióticos, que seriam inúteis em alguns casos, como as infecções virais17.
  • Ação analgésica
            O uso externo de Mentha piperita foi aprovado pela Comissão E para tratamento de mialgia e neuralgia. Observou-se, como já mencionado no item anterior, que mentol pode atuar pela via nervosa. A aplicação de mentol sobre a testa e têmporas produziu efeito analgésico, comparando-se com outros tratamentos com óleos aromáticos, e também com acetaminofen, comprovando sua utilidade no tratamento de cefaléias tensionais1.
  • Ação sobre o sistema nervoso
            Pondo em questão o quanto substâncias aromáticas, embora tradicionalmente conhecidas como sedativas ou estimulantes, de fato o sejam, foi realizado estudo em que voluntários, no escuro, aspiraram papéis de filtro que haviam sido mergulhados em diferentes óleos essenciais (incluindo menta) e depois submetidos a testes de reação a estímulo. Não houve diferença significativa em relação ao controle (água) com nenhum deles. Os autores concluíram que as reações sedativas ou estimulantes conhecidas são meramente psicológicas18.       
            Utilizando inalação de óleo essencial de menta e de manjericão, antes de trabalho mental, e a seguir medindo a temperatura digital e ondas eletroencefalográficas de voluntários, os autores encontraram decréscimo térmico e aumento das ondas β, além de sensação de melhor rendimento mental nos que inalaram manjericão, ocorrendo o inverso nos que inalaram menta19.
Reações adversas; toxicidade
            Foram feitos diversos estudos em ratos. Quando administrado óleo até a dose de 10mg/Kg de peso, não foram observados efeitos adversos. Com dose acima de 40mg/Kg, foram observadas lesões na massa branca do cerebelo e, após estudo prolongado (90 dias), formações císticas na massa branca cerebelar, além de formações hialinas em túbulos renais. Administrando mentol, acima de 200mg/Kg, por 4 semanas, encontrou-se aumento do peso do fígado, assim como  vacuolização dos hepatócitos. Quando administrada pulegona, por 28 dias, acima de 80mg/Kg, houve atonia, perda de peso corporal, diminuição da creatinina, e alterações histopatológicas em fígado e também na massa branca do cerebelo, mas nenhuma alteração foi observada com dose abaixo de 20mg/Kg. Já se oferecida mentona, em doses de 200, 400 e 800mg/Kg, por 4 semanas, houve diminuição da creatinina, aumento da fosfatase alcalina,  e essas alterações foram dose-dependentes; só com as maiores doses também se observou aumento das bilirrubinas e também aumento de peso de fígado e baço, bem como alteração anátomo-patológica do cerebelo. Com limoneno e com cineol (respectivamente 800 e 1600mg/Kg e 500 e 100mg/Kg) houve acúmulo de gotas de proteína contendo α-globulina nos túbulos proximais1.
            O uso cosmético de Mentha piperita é considerado seguro, desde que haja menos de 1% de pulegona. Mentol é avaliado como de muito baixa toxicidade, porém sua absorção é alta, por todas as vias, além de favorecer a absorção de outros compostos, portanto devendo levar-se em consideração a composição do produto utilizado, a fim de calcular o risco desses outros compostos. A probabilidade de reações alérgicas a menta ou a seus compostos é baixa, tanto por uso tópico, como sistêmico1.
            Descreveu-se atividade estimulante de FSH e LH, e também decréscimo de testosterona, em ratos cuja água foi substituída por chá de hortelã. No tecido testicular, houve retardo da maturação dos túbulos seminíferos. Os autores alertam que esse efeito deve ser considerado no tratamento dos casos de infertilidade humana20. O estudo mereceu comentário editorial, pondo em relevo o fato de ser o primeiro relato do tipo, e confirmando a preocupação dos autores21.
            A Comissão E recomendou cuidado na administração de óleo de Mentha em casos de refluxo gástrico, hérnia de hiato ou cálculos renais, contraindicando seu uso  a pessoas com problemas de vesícula biliar e hepáticos, apesar de até o momento não haver indicações de toxicicidade crônica em humanos1.

Interações medicamentosas
            Pesquisadores brasileiros estudaram a interação de guaco, goiaba, cravo, alho, capim-limão, gengibre, carqueja e hortelã com a ação de Staphylococcus aureus (já mencionado antes, neste texto) e de sua ação sinergística com os agentes antimicrobianos.  Hortelã teve ação sinérgica com tetraciclina, cloranfenicol, netilmicina, eritromicina, gentamicina (inibidores da síntese protéica) e com oxacilina (inibidor da síntese bacteriana da parede celular), mas não teve interação com os demais pesquisados (vancomicina, penicilina, cefalotina, ampicilina, cefoxitina, clotrimazol e ofloxacino3.

Referências
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5- Höfling JF, Aníbal PC, Obando-Pereda GA, Peixoto IAT, Furletti VF, Foglio MA, Gonçalves RB- Antimicrobial potential of some plant extracts against Candida species. Braz J Biol 2010; 70(4): 1065-8
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8- Samarth RM, Kumar A- Radioprotection of swiss albino mice by plant extract Mentha piperita (Linn.) J Radiat Res 2003; 44: 101-9
9- Sammarth RM- Protection against radiation induced hematopoietic damage in bone marrow of swiss albino mice by Mentha piperita (Linn).J Radiat Res 2007; 48: 523-8
10- Jagetia GC- Radioprotective potential of plants and herbs against the effects of ionizing radiation. J Clin Biochem Nutr 2007; 40: 74-81
11- Baliga MS, Rao S- Radioprotective potential of mint: a brief review. Journal of Cancer Research and Therapeutics 2010; 6(3): 255-62
12- Inoue T, Sugimoto Y, Masuda H, Kamei C- Antiallergenic effect of flavonoid glycosides obtained from Mentha piperita L. 2002
13- Taher YA- Antinociceptive activity of Mentha piperita leaf aqueous extract in mice. Libyan J Med 2012; 7: 10.3402/ljm.v710.16205
14- Barbalho SM, Damasceno DC, Spada APM, Silva VS, Martuchi KA, Oshiiwa M, Machado FMVF, Mendes CG- Metabolic profile of offsprings from diabetic wistar rats treated with Mentha piperita (peppermint). Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 2011; 20 Article ID 430237 doi: 10.1155/2011/430237
15- Grigoleit HG, Grigoleit P- Gastrointestinal clinical pharmacology of peppermint oil. Phytomedicine 2005; 12(8): 607-11
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17- Ben-Arye E, Dudai N, Eini A, Torem M, Schiff E, Rakover Y- Treatment of upper respiratory tract infections in primary care: a randomized study using aromatic herbs. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 2011; article ID 690346, 7 pages
18- Ilmberger J, Heuberger E, Mahrhofer C, Dessovic H, Dietlinde K, Buchbauer G- The influence of essential oils on human attention: alertness. Chem Sens 2001; 26: 239-45
19- Satoh T, Sugawara Y- Effects on humans elicited by inhaling the fragrance of essential oils: sensory test, multichannel thermometric study and forehead surface potential wave meassurement on basil and peppermint. Analytical Sciences 2003; 19:139-46
20- Adogan M, Ozguner M, Kocak A, Oncu M, Cicek E- Effects of peppermint teas on plasma testosterone, follicle-stimulating hormone, and luteinizing hormone levels and testicular tissue in rats. Urology 2004; 64: 394-8
21-Sampaio FJB- Urological survey. Int Braz J Urol 2004; 30(4): 336-59


Medicamentos produzidos e registrados no Brasil
Endorus ® Hebron- Extrato seco, comprimidos 750mg; xarope; gotas. Um a 3% de óleo essencial. Oferecido como carminativo (antiflatulento) e expectorante .

Mentaliv ® Apsen- Óleo essencial, cpasulas gelatinosas, com 200mg de óleo, correspondendo a 30 a 55% de mentol e 14 a 32% de mentona. Indicado para tratamento do intestino irritável, flatulência e dispepsia.

Há grande variedade de chás disponíveis no mercado.
Encontram-se referências em várias farmácias a disponibilidade do óleo essencial.
Há vários produtos em que um dos componentes é mentol.

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·         Cáscara sagrada (Rhamnus purshiana)


Esta planta tem sido muito utilizada, assim como sene, babosa e outras, com fins laxantes. Sua ação se deve à presença de antranóides, que são glicosídeos, que, após desconjugação pela flora intestinal, estimulam da inervação submucosa, aumentando a peristalse, e auxiliando a eliminação do bolo fecal. Essa atuação ocorre preponderantemente no colon, não no reto. Embora possa haver outros tipos de ação, menos claros, este é considerado o principal mecanismo1.
Seu uso parece bastante seguro, apesar de ser, a rigor, irritativo. É comum desenvolver-se pseudomelanose no colon de pessoas usuárias de antranóides, e, para essa ocorrência o tempo de uso é muito variável, em torno de 3 a 12 meses2. Discute-se, há pelo menos duas décadas, se essa pigmentação intestinal seria um fator desencadeante de câncer, porém persiste a controvérsia, após estudos com animais3, ou em humanos4. Destaca-se relato de caso de paciente imunossuprimido (transplantado hepático) que desenvolveu pólipo, descoberto após um ano de cessado o uso do laxante, já com lesão neoplásica inicial. O autor declara não poder fazer associação com segurança, mas aconselha evitar o uso de senosídeos e similares, por precaução2. É preferível recomendar o ajuste dos hábitos alimentares e o ritmo das evacuações, utilizando medicamentos, inclusive cáscara, por tempo limitado, como auxiliar desse tratamento.
Os antranóides podem interferir, como ocorre com as fibras, na absorção de fármacos administrados por via oral4.

Referências
1- Hardcastle JD, Wilkins JL- The action of sennosides and related compounds on human colon and rectum. Gut 1970;  11: 1038-42
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3- Sem Autor Mencionado- NTP toxicology and carcinogenesis studies of emodin (CAS NO.518-82-1) studies in F344/N rats and B6C3F1 mice. Natl Toxicol Program Tech Rep Ser 2001; 493: 1-278
4- Siegers C-P, von Hertzberg-Lottin E, Otte M, Schneider B- Anthranoid laxative abuse – a risk for colorectal cancer? Gut 1993; 34: 1099-01




Medicamentos existentes e registrados no Brasil
Em associação
Eparema ® Nycomed (cáscara, boldo, ruibarbo).   Drágeas, solução e flaconetes.
Extrato seco
Verilax ® Airela   Cápsulas 232mg (11,6 a 13,9 mg de cascarosídeo A). 
Cascara sagrada EC ® As Ervas Curam  Cápsulas 500mg (10mg cascarosídeo A).
Tintura
Cascara sagrada EC ® As Ervas Curam  Cada mL de tintura 10mg de cascarosídeo A.

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  •          Soja (Glycine max)



Entre as populações do leste asiático, grandes consumidoras de soja, há menor incidência de doenças hormônio-dependentes, como câncer de mama e de ovário, e de doença coronariana1. Seus componentes ativos são as isoflavonas (especialmente genisteína e daidzeína)2. Embora muito menos potentes que o 17-β-estradiol, competem pelos receptores hormonais, agindo como antiestrogênios, se o nível estrogênico da usuária for alto, mas agindo como estrogênios, se o nível destes for baixo (o que é o caso, durante a fase climatérica). Essa característica levou a serem chamadas de fitoestrogênios3; 54 Sua ação estrogênica pouco potente é compensada pela sua biodisponibilidade, muito maior5. A ação sobre os níveis hormonais é modesta, mas mensurável6. Como elegem preferentemente os receptores do tipo β7, permite-se classificar as isoflavonas como verdadeiros moduladores específicos dos receptores hormonais (SERMs), e é assim que vários autores as definem.
            As isoflavonas são flavonóides, subgrupo dos polifenóis. São consideradas mais importantes a genisteína, a daidzeína e a gliciteína7. Isoflavonóides são compostos difenólicos cuja estrutura e peso molecular são semelhantes à dos estrogênios.
            Diferentes produtos alimentares podem conter quantidades e formas diversas desses componentes. Antes de tudo, porque as condições, desde o cultivo, podem incrementar, ou o contrário, o seu acúmulo na planta. Produtos fermentados de soja oferecem isoflavonas mais disponíveis, porque contêm formas bacterianas que favorecem o metabolismo de conjugação-desconjugação, favorecendo sua absorção no tubo digestivo. Vários tipos de tofu, o “queijo” de soja, contêm quantidades diferentes de isoflavonas. Óleos de soja contêm apenas traços delas, por serem hidrofílicas, portanto não são bem difundidas em meio oleoso. Embora o germe das sementes concentrem alta quantidade desses flavonóides, muitas vezes aquelas oferecidas como “tira-gosto”, comercialmente, não contêm o germe. Assim, é importante considerar essas características, que podem afetar a sua biodisponibilidade e aproveitamento8.
A biotransformação dos fitoestrogênios ocorre por ação da microflora intestinal, transformando os glicosídios, como as isoflavonas, em formas não conjugadas (agliconas), ou seja, liberando a molécula de glicose que, acoplada, permite a hidrossolubilidade,e, desse modo, a isoflavona se torna lipossolúvel, propiciando sua absorção através da membrana celular8. Há passagem rápida dos produtos metabólicos para a circulação enteroepática. O fígado tem um papel importante em reconjugar enzimaticamente as agliconas com ácido glicurônico, ou, menos, com ácido sulfúrico. As formas livres de isoflavonas são encontradas em muito pequena quantidade9.
   A meia-vida das isoflavonas, no plasma, é de 7 a 9 horas, e, após 24 horas, desaparecem. O pico de concentração, tanto em homens como em mulheres, alcança 300 a 3200nmol/L (80 a 800mg/ml), o que representa muito mais do que a concentração endógena de estrogênios. Esse é um fator ponderável no efeito biológico final, nos diferentes órgãos, apesar do efeito estrogênico fraco9. Pelo pico, 6 a 8 horas seria o intervalo ideal para repetição de novas doses10.

                A concentração de isoflavonas e de seus metabólitos varia muito de indivíduo para indivíduo, mesmo que seja administrada uma quantidade padronizada, justamente porque seu metabolismo e absorção dependem de condições individuais. Para começar, a microflora intestinal deve estar intacta para que se processe esse metabolismo. Alterações dela podem levar a produtos metabólicos finais diferentes. A quantidade e o tipo de fibras vegetais na dieta também pode influir nessa absorção11. O uso de medicamentos, especialmente antimicrobianos, o tempo de trânsito intestinal, e outras particularidades, fazem com que cada pessoa tenha absorção e metabolismo de isoflavonas diferente12. Alguns indivíduos apresentam metabolismo preferencial pela daidzeína. Isso, sem dúvida, leva a diferente efeito biológico quanto ao consumo de isoflavonas13.

A absorção de isoflavonas é dose-dependente, em forma linear, pelo menos para consumo em quantidades pequenas a moderadas14. No entanto, parece haver um mecanismo de saturação, pois a detecção de seus metabólitos aumenta com o aumento de ingestão, mas se estabiliza, com maiores quantidades. Portanto, a partir de um determinado ponto, não há vantagem em mais ingestão. Apesar das grandes variações individuais, não é importante a diferença conforme o sexo9.
            Os metabólitos dos fitoestrogênios podem ser dosados em urina, fezes, plasma, saliva, sêmen, bile, leite7. A maior parte dos estudos é baseada na dosagem dos metabólitos urinários, pelas altas concentrações urinárias deles, e por dificuldades metodológicas quanto à medida em outros fluidos biológicos. Verificou-se que cerca de um terço das pessoas não têm a capacidade de biotransformar daidzeína em equol. Isso explica, pelo menos em parte, a ampla variação individual encontrada ao se medirem concentrações urinárias7.
            Muitas têm sido as explicações para a atuação fisiológica dessas substâncias. Os fitoestrogênios têm a capacidade, comprovada in vitro e in vivo, de se ligarem a receptores estrogênicos7; 9; 15. A ligação dos fitoestrogênios aos receptores estrogênicos, no entanto, é algo como 2% da afinidade do estradiol15. Os receptores têm distribuição diferente em diferentes tecidos: isso explica seu efeito diferente sobre diferentes órgãos, conferindo-lhes até uma ação protetora contra certos riscos atribuídos à ação dos estrogênios16. O fato de essas substâncias químicas possuirem o anel fenólico parece ser um pré-requisito para a ligação aos receptores hormonais9.
            Na pré-menopausa, com alto nível de estrogênios circulantes, isoflavonas podem competir pelos receptores, funcionando como efeito antiestrogênico, pela atividade muito mais fraca que a dos estrogênios endógenos. Após a menopausa, quando os níveis hormonais circulantes é muito mais baixo, os isoflavonóides passam a ocupar maior quantidade de receptores, portanto exercendo atividade maior, podendo, assim, ter efeitos estrogênicos15.
Ações protetoras dos fitoestrogênios podem ser atribuídas também a outras atividades não-hormonais: ação inibitória sobre a tirosinoquinase, o fator epidérmico de crescimento, a proliferação e diferenciação de células malignas, e a angiogênese 7; 9. Isoflavonas têm ação antioxidante12, bem como antimutagênica, anti-hipertensiva, antiinflamatória e antiproliferativa. Lignanos e isoflavonas agem como antivirais, anticarcinogênicos, bactericidas, antifúngicos, e descreveu-se que possuem ação semelhante à digitálica8.
            A ação antioxidante das isoflavonas está relacionada ao número de grupos hidroxila no anel. Podem prevenir o dano oxidativo, inibindo a formação e favorecendo a varredura de radicais livres, portanto, contribuindo para a anticarcinogênese11.
            As agliconas biologicamente ativas são bastante estáveis em relação ao calor, apesar de a conjugação poder ser influenciada pelo aquecimento. Isso permite que produtos cozidos, feitos com soja, também sejam ricos em flavonoides (pães, bolos, biscoitos, etc). Independente da proporção relativa de isoflavonas conjugadas nos diferentes produtos, as agliconas são liberadas igualmente, como resultado do metabolismo bacteriano intestinal. Por outro lado, os produtos fermentados de soja favorecem a disponibilidade desses glicosídicos, provavelmente porque os agentes biologicamente ativos da fermentação agem hidrolisando os conjugados glicosídicos9,16 .
Além de outros benefícios, estudos epidemiológicos demonstram que mulheres com dieta com alto teor de soja apresentam menos ondas de calor no climatério. Confirmado em estudos clínicos com produtos nutricionais  9; 10;  15; 18; 19; 20 e também com isoflavonas isoladas 14;21; 22.
No entanto, também houve estudos em que não se observou efeito de melhora das ondas de calor maior do que o obtido com placebo23.
Nos últimos anos, foram feitas revisões e metanálises pondo em questão a eficácia terapêutica quanto aos sintomas climatéricos, da soja, quer nutricional, quer em extratos. A crítica abrange especialmente a diversidade metodológica dos estudos e o tempo de observação, curto demais. Concluem que há vantagem em utilizar soja como complemento alimentar na fase climatérica24, mas não se deve considerar livre de risco para mulheres, particularmente as que apresentem um câncer estrogênio-dependente e que é difícil estabelecer a melhor dose, em função de serem tão díspares os estudos. Consideram ainda não ser clara a eficácia, quer em produtos nutricionais, quer em extratos, dadas as diferenças entre os estudos24; 25.
Em particular referindo-se ao câncer de mama, recente revisão abordando o uso de isoflavonas em pacientes tratadas por esse processo patológico conclui que o uso de soja, ou de isoflavonas, não é prejudicial e pode mesmo reduzir o risco de recorrência, em algumas situações. Além disso, não interfere com a terapêutica com tamoxifeno ou anastrozol. Conclui ainda que pacientes com alto risco de desenvolverem câncer de mama, por razões genéticas, podem se beneficiar do uso de altas doses de isoflavonas26.
            É importante observar que a regulamentação do uso de produtos fitoterápicos varia muito conforme os países. Nos Estados Unidos, por exemplo, são considerados complementos nutricionais, e não há padronização, controle de formulação, e o uso é livre de prescrição médica, diferentemente do que ocorre na Europa e também no Brasil. Assim, como muitas revisões se baseiam em estudos em língua inglesa, pode-se perceber que haja dificuldade inclusive de abordagem. Esse fato não diminui a importância de que sejam realizados mais estudos, e a necessidade de observação por tempo mais longo. Há indícios, ainda, de que muitos dos benefícios da soja decorram de uso contínuo ao longo da vida.

Referências
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19- Nahas EAP, Nahas-Neto J, Orsatti FL, Carvalho EP, Oliveira MLCS, Dias R- Efficacy of a soy isoflavone extract in postmenopausal women: a randomized, double-blind, and placebo-controlled study. Maturitas 2007; 58: 249-58
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21- Scambia,G; Mango,D; Signorile,PG; Angeli,RA; Palena,C; Gallo,D; Bombardelli,E; Morazzoni,P; Riva,A; Mancuso,S- Clinical effects of a standardized soy extract in postmenopausal women: a pilot study. Menopause, 2000; 7; 105-11
22-Kaari C, Haidar MA, Júnior JM, Nunes MG, Quadros LG, Kemp C, Stavale JN, Baracat EC- Randomized clinical trial comparing conjugated equine estrogens and isoflavones in postmenopausal women: a pilot study. Maturitas. 2006;53(1):49-58
23- Penotti M, Fabio E, Modena AB, Rinaldi M, Omodei U, Viganó P- Effect of soy-derived isoflavones on hot flushes, endometrial thickness, and the pulsatility index of the uterine and cerebral arteries. Fertil Steril 2003; 79(5): 1112-7
24- Nelson HD, Vesco KK, Haney E, Fu R, Nedrow A, Miller J, Nicolaidis C, Walker M, Humphrey L- Nonhormonal therapies for menopausal hot flashes. Systematic review and meta-analysis. JAMA 2006;295(17):2057-71 
25- Xiao CW- Health effects of soy protein and isoflavones in humans. J Nutr 2008; 138; 1244S-1249S
26- Magee PJ, Rowland I- Soy products in the management of breast cancer. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2012; 15(6): 586-91

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·         Guaco (Mikania glomerata S)




Planta pertencente à família Compositae (e nesta família encontramos grande número de plantas medicinais), é originária da América do Sul, sendo encontrada na Argentina, Paraguai, Uruguai e no Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste. Recebe também o nome de erva das serpentes pois  o guaco costuma ser preparado como contra-veneno de ofídios. As folhas secas, o extrato alcoólico e o decocto apresentam forte cheiro balsâmico. Sob a forma de decocto (ou seja, uma espécie de chá, fervido, não abafado) é usado popularmente para gargarejos nas afecções da boca e garganta; como tintura, para aplicações em fricções e compressas sobre traumatismos, nevralgias, pruridos e dores reumáticas; xarope com o macerado de folhas e mel, com ação broncodilatadora e mucolítica31.
São seus constituintes óleo essencial (diterpenos e sesquiterpenos), taninos, saponinas, resinas, substância amarga (guacina,) cumarinas e guacosídeo. É conhecido por sua ação broncodilatadora, antiasmática, expectorante, febrífuga, diurética, tônica, peitoral, emoliente, depurativa e cicatrizante2.
Fluidifica os exsudatos traqueobrônquicos estimulando sua secreção propiciando que sejam expulsos pelo reflexo da tosse; relaxa a musculatura lisa das vias aéreas, principalmente brônquios; efeito sudorífico é considerado importante em processos febris; ação antiofídica relacionada à presença das cumarinas3.
Em camundongos, chá de guaco demonstrou atividade analgésica e, em menor intensidade, atividade antiinflamatória4.
       Também foram estudados de modo comparativo os efeitos do extrato hidroalcoólico com a cumarina (1,2-benzopirano) isolada da planta, submetendo a ensaios em animais, in vivo (edema de pata induzido pela carragenina em rato) e in vitro (preparações de jejuno de rato, íleo de cobaia e traquéia de rato, utilizando acetilcolina e histamina como agonistas). Os resultados mostraram efeitos espasmolítico, antiinflamatório e broncodilatador do extrato e, também da solução de cumarina. A diferença na intensidade dos efeitos farmacológicos observados indica que a cumarina contribuiu para o efeito farmacológico juntamente com outras substâncias químicas presentes no extrato5.
Foi ainda estudada, em animais, a atividade antiofídica da cumarina frente ao veneno da jararaca (Bothrops jararaca). A sobrevivência dos animais testados foi avaliada em 6, 24 e 48 horas e registrada em porcentagem de animais vivos. A cumarina apresentou taxas de sobrevivência de 80%, 50% e 40%, respectivamente, enquanto o grupo controle apresentou para os mesmos intervalos taxas de 30%, 0% e 0% de sobrevivência6.
A atividade antialérgica e anti-inflamatória foi avaliada com frações obtidas do extrato etanólico, obtendo-se efetividade na inibição da inflamação imunológica7.
Estudo clínico para avaliar toxicidade do de um produto contendo guaco confirmou a ação sobre as afecções do trato respiratório, sem presença de efeitos colaterais8.
O guaco tem sido utilizado tanto em adultos, como em crianças.
Existe formulação sem açúcar,  com uso, portanto, sem restrições para diabéticos.


Referências
1- Lorenzi H, Matos FJA. Plantas Medicinais no Brasil. Plantarum, 2002.
2- Alonso JR 1998. Tratado de fitomedicina. Buenos Aires: Isis Ediciones SRL
3- Di Stasi LC et al. Plantas medicinais da medicina popular no município de Botucatu-SP. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 13., Fortaleza, 1994. Livro de Resumos. Fortaleza: CNPq, 1994. Res. 320
4- Ruppelt, B. M.; Pereira, E.F.R.; Gonçalves, L G.; Pereira, A. N. Pharmacological screening of plants recommended by folk medicine as anti-snake venom. I. Analgesic and anti-inflammatory activities. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.86, n.2, p.203-205, 1991
5- Leite, M.G.R.; Souza, C. L.; Silva, M.A.M.; Moreira L.K.A.; Matos, F J.A.; Viana, G.S.B. Estudo farmacológico comparativo de Mikania glomerata Sprengel (guaco), Justicia pectoralis Jacq (anador) e Torresea cearensis (cumaru). Rev. Bras. Farm., Rio de Janeiro, v.74, n.1, p.12-15, 1993.
6- Pereira, N.A.; Pereira, B M.R.; Nascimento, M. C.; Parente, J. P.; Mors, W. B. Pharmacological screening of plants recommended by folk medicine as anti-snake venom. IV. Proction against jararaca venom by isolated constituints. Planta Med., Stuttgart, v.60, p.99-100, 1994.
7- Fierro, I. M.; Silva A.C.B.; Lopes, C.S.; Moura, R.S.; Fidalgo, C. B.   Studies on the anti-allergic activitity of Mikania glomerata. J. Ethnopharmacol., Shannon, v.66, n.1, p.19-24, 1999
8- Soares AKA, Carmo GC, Quental DP, Nascimento DF, Bezerra FAF, Moraes MO, Moraes MEA- Avaliação da segurança clínica de um fitoterápico contendo Mikania glomerata, Grindelia robusta, Copaifera offi cinalis, Myroxylon toluifera, Nasturtium offi cinale, própolis e mel em voluntários saudáveis. Brasileira de Farmacognosia 2006, 16:4. 447-54



Produtos existentes e registrados no Brasil

Extrato seco
Guaco EC ® As Ervas Curam  Cápsulas 500mg (1mg de cumarina).
Xarope de Guaco ® Herbarium  Cada 5mL contendo 0,175mg de cumarinas.
Extrato fluido
Guaco EC ® As Ervas Curam  Xarope cada mL contendo 0,2mg de cumarina.
Guaco EC ® As Ervas Curam  Solução oral cada mL contendo 0,2mg de cumarina. Não contém açúcar.
Peitoral Martel ® Hertz   Xarope cada mL contendo  0,035mg de cumarina.

Tintura
Guaco EC ® As Ervas Curam   Cada mL contendo 0,4mg de cumarina.

EVITE A AUTOMEDICAÇÃO .  CONSULTE SEU MÉDICO.  FITOTERÁPICOS, APESAR DE ORIUNDOS DE PLANTAS NATURAIS, NÃO SÃO ISENTOS DE EFEITOS COLATERAIS, CONTRAINDICAÇÕES E POTENCIAIS DANOS A SUA SAÚDE.