segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Reuniões Clínicas 2017

Finalizando as reuniões clínicas da Ginecologia da USP em 2017.



Dia 6 de dezembro, quarta-feira, as 8 e 30 h.  no Anfiteatro Berillo Langer, entrada pelo hall nobre do Hospital das Clínicas, receberemos, mais  uma  vez o decano Prof. Geraldo Rodrigue de Lima que vai discorrer sobre: "O papel do estresse na Função Reprodutiva". 

Não perca!

terça-feira, 14 de novembro de 2017

5o. SEMINÁRIO NACIONAL DO PROGRAMA TELESSAÚDE BRASIL REDES



O Programa Telessaúde Brasil Redes, mantido pelo Ministério da Saúde e com participação da Rede Universitária de Telemedicina e a Rede Nacional de Pesquisa estão comemorando no seu 5o. Seminário Nacional, juntamente com o 8o. Congresso Brasileiro de Telemedicina e Educação à Distância, em Gramado, nas dependências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, os 10 anos de sua criação. 

É há o que comemorar. Um exemplo enorme são alguns programas que vem sendo implantados na área. Um deles é o de Telediagnóstico a Distância e o Segunda Opinião  que colocam pontos remotos do país em contato com os centros de excelência médica no diagnóstico de exames e fornecem uma segunda opinião, ambos envolvendo especialistas em regime de teleconferência iterativa. 

Parece pouco ou prosaico, mas oferecer um laudo de eletrocardiograma em poucas horas na rede básica de uma localidade na região norte do país é um avanço notável e um dos escopos da 20 metas acordadas pelas Nações Unidas como um programa de melhoria da vida no nosso mundo. Precisamente a 3a. meta. 

Isso não é novidade no resto do mundo, e mesmo em países desenvolvidos é um filão a mais para grandes instituições médicas universitárias que disponibilizam essa consultoria de experts em real time com quem demandar uma assessoria desse tipo. Aqui no Brasil algumas entidades particulares de diagnose já vem implantando isso do mesmo jeito, tornando-se uma unidade de negócios a mais no seu portfólio de serviços lucrativos. Felizmente para um país pobre a parte pública também se mobiliza para oferecer no sistema universalizado do Sistema Único de Saúde, a mesma coisa, notadamente na assistência primária. Doenças crônicas prevalentes como hipertensão, diabetes e outras mais já estão no mesmo caminho desse tipo de recurso valioso. O programa é um exemplo feliz da comunhão entre Universidades, entidades governamentais e a tecnologia em prol de um incremento na qualidade de vida, notadamente de quem mais precisa. Todos cumprem o seu papel social, num exemplo cabal da Medicina Translacional (da bancada, da academia à prática essencial nos pontos mais humildes e difíceis do continente Brasil). 

A Disciplina de Ginecologia da FMUSP e a Clínica Ginecológica do HCFMUSP estão presentes nesse evento, através do editor desse site. Na Universidade de São Paulo existe um centro no assunto, inclusive com programa de residência médica nessa área. A Gineco USP está ciente de seu papel social e da sua responsabilidade e disposição em participar ativamente dessas inovações que devem mudar substancialmente, senão o exercício da Medicina, mas notadamente uma necessidade diuturna de atualização e renovação do conhecimento ginecológico e também a assistência médica no século XXI. É um dever da Universidade e nós estamos presentes e ciosos de sua consecução no melhor possível, numa dimensão social e cidadã dos impostos que todos nós pagamos. 



quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Reuniões clínicas Novembro de 2017


Dia 08
07h30-08h15       Residentes e internos
08h30-10h00  Conferência: Diagnóstico da infecção pelo HPV
Palestrantes: Maricy Tacla
10h30-12h00       Curso residentes

Dia 22
07h30-08h15       Residentes e internos
08h30-10h00  Conferência: Comparação entre uma transferência eletiva de dois embriões e duas transferências eletivas sequenciais de um embrião: impacto nas taxas de sucesso e de gestação múltipla

Palestrante: Pedro Monteleone
10h30-12h00       Curso residentes

Dia 29
07h30-08h15       Residentes e internos
08h30-10h00  Conferência: Apneia do Sono
Palestrante: Prof. Dr. Geraldo Lorenzi-Filho
Diretor do Laboratório do Sono
Livre Docente – Disciplina de Pneumologia

10h30-12h00       Curso residentes

Local -  Anfiteatro Berillo Langer  - Hall Central ICHC  

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Reuniões clínicas da Ginecologia em Outubro de 2017

Reuniões Clínicas Científicas 

Anfiteatro Berilo Langer  ICHC  5o. andar  
Rosanne M Kho, MD


Dia 18  REUNIÃO INTERNACIONAL

07h30-08h15
Residentes e internos

08h30-10h00
Conferência: Advancing vaginal hysterectomy with surgical innovation
Palestrante: Dr. Rosanne Kho

10h30-12h00
Curso residentes

Dia 25
07h30-08h15
Residentes e internos
08h30-10h00
Conferência: Dificuldades de uma vida acadêmica”.
Palestrante: Prof. Dr. Bernardo Boris Vargaftig (Professor Associado Sênior do ICB).
10h30-12h00

Curso residentes




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Dia 04
07h30-08h15       Residentes e internos
08h30-10h00  Conferência: Alterações citológicas: como interpretar e conduzir
Palestrante: Dra. Adriana Bittencourt Campaner
10h30-12h00       Curso residentes

Dia 11
07h30-08h15       Residentes e internos
08h30-10h00  Conferência: Tratamento cirúrgico atual do prolapso genital
Palestrantes: Dr. Jorge Milhem Haddad

10h30-12h00       Curso residentes

domingo, 22 de outubro de 2017

VII JORNADA DE UROGINECO PROGRAMA PRELIMINAR 1 - 2018

VII JORNADA INTERNACIONAL DE UROGINECOLOGIA DA GINECOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - 2018
26 a 28 de abril de 2018
Hotel Pullmann Vila Olímpia - São Paulo






PROGRAMA PRELIMINAR (1)


Sexta-feira -  27 de Abril de 2018

07:45 - 08:00 Abertura

08:00 - 09:10 Mesa-Redonda 1- O tratamento cirúrgico da IUE está mudando de novo?

Coordenadores:
Secretária:

08:00 - 08:10 - O TOT está perdendo espaço?
08:10 - 08:20 - Fisioterapia pré e pós-operatória: qual a evidência?
08:20 - 08:30 - Ainda há espaço para Burch?
08:30 - 08:40 - Quando indicar “sling” retropúbico?

08:40- 09:10 – Discussão-  3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o que  
                                                                     fazem  de diferente?


09:10-10:00- Ponto e Contra-ponto:
                      Fisioterapia X Laserterapia no tratamento da IUE leve
Coordenadores:
Secretário:

09:10- 09:25 -  Fisioterapia -
09:25- 09:40 – Laser-

09:40- 10:00 -  Discussão-  3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o que  
                                                                         fazem  de diferente?

10:00 -10:20 – Visita aos Stands


10:20- 10:50 -  Conferência  :  OASIS- Obstetric Anal Sphincter Injuries- 
                                                            The story so far
Conferencista : Ranee Thakar

Coordenadores :  
Secretaria:                                                                                                                                                                       

10:50 -11:10 – Discussão: 3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o que 
                                                 fazem  de diferente?


11:10 -12:00 - Mesa Redonda 2 – Tratamento atual nas disfunções miccionais

Coordenadores:
Secretária :  


11:10- 11:20-  BH- até onde a fisioterapia pode ir?
11:20- 11:30-  quando considerar Bexiga hiperativa refratária e como tratar? -
11:30- 11:40- Guideline “Febrasgo” e Latino-americano no Tratamento    da ITU recorrente                            
11:40- 12:00- Discussão – 3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o que 
,                                                        fazem  de diferente?


12:00 -13:00 - Lunch Meeting - PROMEDON

Enrique Ubertazzi (Argentina)

Coordenadores:
Secretária:

13: 00-14:10 -  Mesa Redonda 3 – Prolapso genital

Coordenadores:
Secretária:

13:00 - 13:10 – IUE com prolapso acentuado: o que fazer?
13:10 - 13:20 – Prolapso X atletas
13:20 - 13:30 – Tratamento apical: qual a melhor via?
13:30 - 13:40 – Pessário: quando, qual e como indicar?

13:40 - 14:10: Discussão : 3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o que 
,                                                        fazem  de diferente?
                                              
14:10 -14:40 - Conferência: Conservative Management for female sexual
                                              dysfunction

Conferencista : Bary Berghman
                      
Coordenadores-
Secretário


14:40-15:00-    Discussão:

15:00-15:30- Visita aos stands

15:30-17:30 - Cirurgias ao vivo-  Correção do prolapso apical com FSE pelo  
                                                              acesso posterior com Capio
                      
Cirurgião-  Willy Davila ( Cleaveland Clinic Florida – USA)
Coordenadores:
Secretaria:




Sábado – 28 de Abril de 2018

08:00-09:00 - Mesa-Redonda: Alterações do assoalho pélvico e gestação
Coordenadores-
Secretário

08:00-08:10 – Qual é a verdadeira evidência sobre a influência da gestação e da via de parto nas disfunções do assoalho pélvico?
08:10-08:20 – Tratamento da incontinência fecal no pós parto - quando tratar? Como?
08:20 - 08:30 -  Fisioterapia na gestação e pós parto: quando, como e por que?
08:30 - 08:40 – Prolapso genital em pacientes com desejo reprodutivo: o que fazer?
08:40 - 09:10: Discussão: 3 Professores de regiões diferentes do Brasil- o
                                                                 que  fazem  de diferente?

09:10 -09:40-  ConferênciaNecessitamos de uma opção de tratamento para IU sem mobilidade uretral. Quais as evidências atuais dos injetáveis uretrais?
Conferencista: Willy Davila ( USA)
09:40-10:00 - Discussão
10:00 – 10:20 - Visita aos Stands
10:20-12:00 Cirurgias ao vivo: Tratamento do prolapso genital por 
                                                                 Laparoscopia
12:00-13:00 Lunch Meeting( a confirmar)
13:00 -14:00 Mesa Redonda: Disfunções miccionais e algia pélvica
Coordenadores-
Secretário

13:00 - 13:10 .- Quais as evidências da neuromodulação na bexiga hiperativa refratária? Sacral (Interstim®) ou PTNS (tibial)
13:10 – 13:20 –  Síndrome da bexiga dolorosa: papel atual da instilação vesical   
13:20-13:30- Como e até quando fazer o tratamento fisioterapêutico na algia pélvica crônica?
13:30 - 13:40 – Neuromodulação sacral  no tratamento da algia pélvica- evidências atuais
13:40 – 13:50 – Quando recorrer ao tratamento cirúrgico no tratamento da algia pélvica crônica? Como fazer?
13:50-14:10 – Discussão:
14:10- 14:50- Conferência : Estado da arte da histerectomia vaginal- dificuldades  , abertura peritônio posterior e útero grandes

Conferencista  - Rosanne Kho

Coordenadores-     
Secretaria:                    

14:50 -15:10- Visita aos Stands

15:10 -16:00-  Vídeos interativos 1
16:00 – 16:50 Vídeos interativos 2
16:50 – Encerrament

Obserevações - O Programa é preliminar porque depende da confirmação dos convidados e eventuais ajustes, propostos pelos mesmos, em detalhes dos assuntos centrais imutáveis. 
Comissão Organizadora/ Científica.
(22.10.17)







a



terça-feira, 19 de setembro de 2017

MIOMA E FITOTERAPIA


Há tratamento fitoterápico para miomas uterinos?

Ceci Mendes Carvalho Lopes*
           
Um número muito grande de mulheres é de portadoras de miomas uterinos, algo como um quinto delas! Porém a maioria dos casos nem pede tratamento, pois são de pequena monta, não causam sintomas e, com alguma frequência, são descobertos por casualidade. No entanto, um certo contingente deles exige alguma intervenção. Às vezes, medicamentos dão conta, pois basta tratar os sintomas desagradáveis associados à presença desses tumores benignos. Por outro lado, outros exigem tratamento cirúrgico, que pode, inclusive, ser radical. Cada caso é diferente do outro.
Muitas vezes somos procurados por pacientes que já souberam da possibilidade de tratamento ‘natural’, por ouvir falar, ou porque viram na mídia. Faz-se mister ‘separar o joio do trigo’ e checar o que é fato e o que é mera crendice.
Tratando sintomas mais incômodos, geralmente, como já dissemos, não há necessidade de intervenções mais agressivas. Assim, solucionando a dor (é comum a associação com fortes cólicas menstruais), ou o sangramento excessivo (que pode comprometer seriamente a saúde), em muitos casos é o bastante, uma vez que o mioma é um tumor benigno, cuja expectativa é que permaneça benigno.
As principais preocupações são o sangramento, a anemia e, quando possível, a redução tumoral: tópicos a serem levados em conta.
            Como a cólica menstrual tem sido associada à liberação de prostaglandina e vasopressina, causando contratura miometrial, isquemia uterina, com conseqüente sensibilização das fibras sensitivas, é possível tratamento com analgésicos, ou, ainda melhor, com antiinflamatórios não-esteroidais e contraceptivos hormonais1. Resolve-se, assim, a dor e regulariza-se a perda sanguínea.
Mas há vários fitoterápicos úteis na sua terapêutica, com resultados variados.

1-Ácidos graxos essenciais
            Por atuar deflagrando a cascata das prostaglandinas, as gorduras Omega-6 podem desencadear a cólica. Considerando que a dieta pode ser rica em Omega-6,  recomenda-se aumento da ingestão de omega-3 (presentes em peixes e nozes), a fim de que a relação omega-3/omega-6 seja mais favorável. Além disso, a ingestão de vitamina B12 (7µg ao dia) potencializa o efeito dos omega-3. Essa medida pode favorecer a diminuição do uso de analgésicos e anti-inflamatórios3.     
Estudo realizado com 42 mulheres utilizando óleo de peixe mostrou-se efetivo na redução da dor menstrual. As autoras consideram que a dosagem usual de omega-3, de 3 a 4g por dia é bem tolerada e segura. Aconselham seu uso, embora reconheçam a necessidade de mais estudos4. O estudo foi feito com óleo de peixe, por ser rico em Omega-3, mas a ingestão de sementes oleaginosas é uma opção.

Revisão de vários estudos controlados por placebo atesta a eficácia dos omega-3 no tratamento da cólica menstrual, porque o ácido eicosapentanóico (EPA) e o docosaexanoico (DHA) competem com o ácido araquidônico, interferindo na cascata, o que vai resultar em menor produção de prostaglandinas e leucotrienos, resultando, em conseqüência, sintomas de menor intensidade. Dados epidemiológicos  demonstram que a baixa ingestão de alimentos ricos em omega-3 eleva a possibilidade de cólica menstrual.  Não mencionando fitoterápicos, os autores recomendam a ingestão de peixe, em vez de óleo de peixe, porque a estabilidade do óleo varia muito no correr dos dias5. No mercado existem cápsulas de óleo de peixe, que não são fitomedicamentos, por não terem origem vegetal. Não há produtos padronizados de origem vegetal, que sejam fonte de Omega-3, portanto recomenda-se a adequada providência alimentar, se o objetivo for tratar com produtos vegetais: linhaça, castanha do Pará, amêndoas, etc.

2- Rosa

Em vários países asiáticos é comum o uso do chá de rosa, feito com botões da flor, ou com folhas dela (Rosa gallica), como tratamento da cólica menstrual. Foi feita uma revisão bibliográfica, buscando informações sobre a rosa, e foi encontrado um único estudo controlado, realizado em Taiwan, com 130 pacientes adolescentes às quais foi administrado o chá (2 xícaras ao dia, por 12 dias), com eficácia5.

É importante ressaltar, portanto, a escassez de referências, além do que, habitualmente a flor, salvo as dos nossos jardins, costuma ser encontrada em floriculturas, e seu cultivo pode incluir aditivos agrícolas, desconhecidos do público comum, com possíveis efeitos sobre a saúde. E também faz-se mister cosiderar que há muitos tipos de rosa, além da estudada, e sempre existe a possibilidade de que atuem de forma muito diferente. Além disso, não há fitomedicamento disponível. 
           

3-Harpagophyton procumbens (garra do diabo)



Esta é uma das 12 plantas liberadas pelo Ministério da Saúde para uso no SUS. É um poderoso antiinflamatório, e atua de forma bem similar aos antiinflamatórios não-hormonais, reduzindo a inibição da síntese de leucotrienos e de tromboxano, dose-dependente, atribuindo-se essa ação ao harpagosíde6. Se estamos imaginando utilizá-lo no tratamento da cólica menstrual, parece paradoxal, pois  em monografia cita-se seu uso como ocitócico, sem, no entanto entrar em detalhes. Ressalta-se sua atividade anti-inflamatória e analgésica. O que se menciona é ação estimulante da musculatura miometrial, e se recomenda não utilizar durante a gestação. Confirma-se esse efeito, através de estudo, em ratas, em que se comprovou propriedade uterotônica, espasmogênica, justificando, assim, o uso folclórico no trabalho de parto e na retenção placentária8. Não encontramos estudos especificamente sobre a cólica menstrual. Parece fazer mais sentido, por ser ocitócico, seu uso no tratamento do sangramento profuso, em casos de miomas. Mas também não há referências, no caso.
            


4-Lotus-da-neve



           Tibetanos usam o lótus-da-neve (snow lotus), que, na realidade corresponde a qualquer uma de 3 plantas semelhantes (Saussurea involucrata, Saussurea laniceps, Saussurea medusa), para problemas reumáticos, gastrites e dismenorréia. Estudo em camundongos, demonstrando efetividade nas 3 plantas, porém nitidamente melhor com S. laniceps9. Na medida que seu uso é indicado para dismenorréia, talvez seja útil no controle doloroso menstrual em portadoras de miomas. Só que não é um produto usualmente disponível em nosso meio, embora possa ser encontrado pela internet (sem referências confiáveis).
 Entre os uigures, tibetanos, habitantes da cadeia do Himalaia, é difundido o uso do lótus-da-neve (snow lotus), que, na realidade corresponde a qualquer uma de 3 plantas semelhantes (Saussurea involucrata, Saussurea laniceps, Saussurea medusa). Seu uso é indicado para problemas reumáticos, gastrites e dismenorréia. Para avaliar seu efeito, foi realizado estudo em camundongos, demonstrando efetividade nas 3 plantas, porém nitidamente melhor com S. laniceps9. Na medida que seu uso é indicado para dismenorréia, talvez seja útil no controle doloroso menstrual em portadoras de miomas. De qualquer modo, não é um produto correntemente utilizado entre os ocidentais, e as referências são muito escassas.
Há produto comercial disponível em sites da internet, mas sem referência farmacológica.
5-Combinações herbáceas
            Medicações que incluem várias plantas são comuns em alguns países, especialmente os asiáticos.
Muito utilizado na Coreia e China, há uma formulação muito tradicional denominada Gyejibongneyong-hwan, ou Ghizhi Fulling formula, com cinco componentes, em proporções iguais (Cynnamomi ramulus, Poria, Moutan cortex, Persicae semen, Peoniae radix). Autores coreanos o estão estudando, mas ainda não dispomos dos resultados 10, 11 .
            No Japão, utiliza-se uma mistura herbácea denominada toki-sakuyaku-san, contendo 6 plantas (Angelica sinensis, raízes, Paeonia lactiflora, raízes, Lingusticum, rizoma, Atractiloides, rizoma, Alismatis, rizoma, Sclerotia poria), mas que podem ser utilizadas em proporções diferentes, e não há padronização. Pertence ao arsenal da Medicina Kampo (geralmente exercida por não-médicos), tradicional no Japão, e usada para tratamento de cólica menstrual e sintomas climatéricos, com boa efetividade. Há estudo que demonstra melhora de dismenorréia, hipermenorréia, tonturas, sensação de frio, cefaléia12. Portanto, talvez se aplique ao objetivo de tratamento que procuramos.

            Relata-se que curandeiros dominicanos recomendam preparado de beterraba (Beta vulgaris L, Chenopodiaceae) e melaço (produzido a partir de Saccarum officinarum, a cana de açúcar) como tratamento para os miomas, como também para endometriose, menorragia e calores da menopausa. A quantidade de fibras vegetais contidas na beterraba pode afetar, ao menos teoricamente, os níveis estrogênicos, pois altos níveis de fibras reduzem a recirculação enteroepática de estrogênios, aumentando a excreção urinária e fecal. Como os estrogênios influem sobre o crescimento dos miomas, a sua redução seria um fator inibidor. Além disso, as folhas de beterraba contêm fitoestrogênios que, durante a menacma, atuam como antiestrogênios, e já foi demonstrado que gado alimentado com essas folhas apresentou infertilidade (por ser antiestrogênica), mas também se demonstrou crescimento do volume uterino em camundongas (atuação estrogênica). A beterraba é rica em carotenóides, que também se sabe podem reduzir o crescimento de miomas, uma vez que se demonstrou em culturas de tecidos que as células do músculo liso contêm receptores do ácido retinóico, e que há redução dose-dependente de seu crescimento com ácido trans-retinóico. Relata-se ainda que a coloração da urina após ingestão dessa raiz é mais comum em pacientes anêmicos, e que a coloração diminui com a suplementação de ferro, sugerindo que possa ser usado esse dado, inclusive, como indicador da redução da deficiência em ferro de pacientes tratados. Como os miomas podem causar anemia ferropriva, em função do sangramento genital, essa seria mais uma aplicação do tubérculo, especialmente se associada ao melaço, rico em ferro. Apesar de inexistirem estudos clínicos que confirmem o benefício desse tratamento popular, ele merece ser considerado e, como tal, estudado13. Em nosso meio, também não é incomum encontrarmos referências populares quanto a esse uso da beterraba.


C- Plantas citadas especificamente para tratamento dos miomas

1- Unha de gato (Uncaria tomentosa)



   Essa planta tem uso popular no tratamento de miomas na região amazônica. Não há referências científicas a respeito. Muitas são as menções a ela na mídia eletrônica14. Por outro lado, seu efeito antiinflamatório é conhecido e reportado, e se trata de uma das doze espécies liberadas para uso no SUS; além disso, existem fitomedicamentos que a contêm. Assim, eventualmente a sua fama como útil no tratamento de miomas poderia ser focada nesse aspecto, apenas minorando o quadro doloroso, e talvez valesse a pena utilizá-la como recurso terapêutico, pela sua disponibilidade. Pela sua atividade antiinflamatória, talvez tenha boa aplicação para diminuir a cólica menstrual, mas também não há menção em literatura.
Autores da UNIFESP estudaram, em ratos, sua ação, visando a endometriose. Essa doença tem em comum com os miomas o fato de se desenvolver na dependência da atividade hormonal. Administraram extrato da planta, ou acetato de leuprolide (antagonista do GnRH), ou placebo, a ratas. Observaram que o extrato levou a anovulação equivalente (quiçá superior) ao leuprolide, demonstrando a supressão da atividade ovariana15.  Esse estudo nos aguça a curiosidade sobre a possível eficácia na redução volumétrica dos miomas, que também se obtém com antagonistas do GnRH, que é um tratamento que, se não faz os tumores desaparecerem, ao menos propicia, por causarem sua diminuição, maior facilidade num posterior tratamento cirúrgico.


2-uxi amarelo (Endopleura uchi Cuatrec)
            

A referência ao uso dessa planta amazônica é basicamente popular, e existem chás disponíveis à venda. É uma planta característica da Amazônia brasileira, e é conhecida por vários nomes, como uxi, uxi amarelo, cumatê, axuá, pururu, uxi-ordinário ou uxi-pucu. É disseminado seu uso folclórico para tratar artrite, colesterol, diabete, diarreia, e como antiinflamatório e inclusive como anticancerígeno16.
Quanto aos miomas, o tratamento é de utilizar o chá, diariamente, geralmente no período da manhã, alternando com chá de unha de gato à tarde, ou vice-versa.
 A literatura é escassa. Os constituintes de sua casca, potencialmente terapêuticos, são predominantemente taninos, cumarínicos e saponinas. Foram analisados os efeitos dos taninos: atividade antioxidante, ausência de citotoxicicidade, baixo efeito antimicrobiano. Seu uso é bastante seguro. Há boa perspectiva, em se fazendo novos estudos, como possível antineoplasico 16.
O arabinogalactano encontrado no seu chá, na concentração de 25 a 500mg/ml, inibiu aproximadamente 20% das células HeLa, em 48 a 72 horas, porém sem efeito dose-dependente. E também, na dose de 100mg/ml reduziu em 25% a proliferação celular. Não parece haver influência do arabinogalactano, devendo estar envolvidos outros mecanismos, na inibição celular17.
Os estudos demonstram a boa potencialidade medicamentosa do uxi, mas em nenhum deles há menção à possível atuação sobre os miomas, embora todos mencionem esse uso de cunho tradicional.
Miscelânea
Reunimos neste tópico informações não tão precisas, ou seja, que demandam mais estudos, porém que indicam possibilidades na terapêutica.
1-    Medicina chinesa
Foi realizada revisão de múltiplos estudos duplo-cegos, abrangendo um total de 3475 mulheres. Os autores avaliaram em especial o controle da dismenorréia, comparando com os tratamentos convencionais, como antiinflamatórios não-hormonais, ou contraceptivos, e concluíram que os diferentes produtos herbáceos abrangidos na medicina chinesa são efetivos, inclusive às vezes melhores até que a acupuntura, porém a qualidade da maioria dos estudos deixa a desejar. Não foram mencionados efeitos adversos significativos1.
Grupo de pesquisadores chineses pesquisou, em ratos, o efeito de fórmula tradicionalmente utilizada em medicina chinesa (já a mencionamos como tratamento de dismenorréia), a Guizhi Fuling, demonstrando redução acentuada do útero, diminuição da proliferação celular miometral, decréscimo de estradiol e de progesterona séricos. O efeito foi dose-dependente18.
Autores de Taiwan pesquisaram em um milhão de prontuários aqueles que se referiam a mulheres portadoras de mioma, chegando a cerca de 46mil casos, dos quais selecionaram aqueles atendidos entre 2002 e 2010 (37.786 casos). Entre esses, 31.161 mulheres utilizavam a medicina chinesa tradicional, e as demais eram tratadas pela medicina ocidental. As técnicas chinesas abrangiam acupuntura, moxabustão e outras. Cerca de dois quintos delas foram tratadas com medicamentos herbáceos. Foram identificadas 5 fórmulas que tinham várias ervas, e 5 ervas utilizadas exclusivamente. As fórmulas foram Ghi-zhi-fu-ling-wan, a Guizi fulling, (Cinnamomi ramulus, Poria, Peoniae radix, Moutan cortex, Persicae semen), Jia-wei-xiao-yao-san (Angelicae sinensis radix, Peoniae radix, Atractylodis macrocephalae rhizoma, Bupleuri radix, Moutan córtex, Gardeniae fructus, Glycirrhizae radix preparata, Menthae haplocalycis herba, Zingiberis rhizoma), Dang-gui-shao-yao-san (Angelicae sinensis rdix, Peoniae radix, Poria, Atractylodis macrocephalae rhizoma, Alismatis rhizoma, Chuanxiong rhizoma), San-zhong-kui-jian-tang (Eckloniae thalus, Phellodendri cortex, Anemarrhenae rhizoma, Trichosanthis radix, Platycodiradix, Sparganii rhizoma, Curcumae rhizoma, Gentianae radix, Coptidis rhizoma, Scutellariae radix, Puerariae radixPeoniae radix Alba). Os autores atribuem ação metabólica redutora de estrogênio, ou inibidora de prostaglandinas, antiproliferativa, e outras, que explicariam a redução dos miomas, e também a ação que muitas dessas fórmulas têm sobre a endometriose19. No entanto, como se associam muitas plantas, é muito difícil definir qual delas produz o efeito, nem qual das associações delas, nem se alguma delas tem até efeito antagônico. No mesmo estudo, foram identificadas 5 plantas utilizadas isoladamente: San-leng (rhizoma Sparganii), com a qual se descreveu supressão da proliferação celular e aumento da apoptose, E-zhu (rhizoma Curcumae), inibindo a proliferação celular, Xiang-fu (rhizoma Cyperi), com atividade antioxidante e inibição de radicais livres, Yi-mu-cao (herba Leonuri), da qual se descreve atividade antioxidante, analgésica, vasodilatadora e sedativa, Yan-hu-suo (rhizoma Corydalis), analgésica. Com todos esses produtos, ervas únicas ou combinadas, descreveu-se algum efeito, sendo a mais utilizada a fórmula citada acima em primeiro lugar, a Ghizi fulling19.
      O uso dos medicamentos da medicina tradicional chinesa, de forma indireta, demonstram sua eficácia, pois as pacientes  que os utilizam precisam de muito menos apoio de agentes terapêuticos utilizados na medicina ocidental, conforme estudo realizado em Taiwan. Isso inclui antianêmicos, hemostáticos e drogas de influência sobre os hormônios. Os autores do estudo concluem pelo benefício, abrangendo, como vantagem, mais baixo custo20.
2-    Plantas utilizadas por imigrantes dominicanos nos Estados Unidos
Foi feito um levantamento procurando verificar sobre que plantas havia estudos e quais eram mencionadas entre curandeiros usualmente consultados por imigrantes dominicanas radicadas em New York, Estados Unidos, para alívio de várias condições relacionadas, tais como miomas, menorragia, endometriose e calores da menopausa. Foram anotadas ainda outras aplicações, descritas nos estudos, como emenagogos (reguladores menstruais) e abortifacientes (e, muitas vezes, estas duas aplicações significavam o mesmo). Como muitas plantas não são fáceis de obter nos centros urbanos, e mesmo em alguns lugares na própria República Dominicana, esses curandeiros muitas vezes acabam adaptando suas prescrições às disponibilidades, incluindo, até, em algumas circunstâncias, plantas não-nativas da região caribenha, européias e africanas. Foram relacionadas 87 plantas, dentre as quais algumas se destacaram. Espécies de Agave foram mencionadas no tratamento de miomas uterinos, cólica menstrual e regulação menstrual. Aloe vera também foi referida como adequada para remover miomas e ‘limpar o corpo’, com sugestão de que regule a quantidade menstrual, e também como abortivo. Já mencionamos acima a beterraba. Dezenove plantas eram de uso corrente em New York, e foram citadas especificamente no tratamento de miomas, 6 delas sendo consideradas adequadas para tratar menorragia também. Os autores consideram que, embora todas tenham algum tipo de estudo, ao menos na literatura local, há necessidade de mais investigação21.

Considerações finais
            A fitoterapia é um campo em que a necessidade de mais investigação é enorme. Como pudemos ver, há muitos recursos com possíveis aplicações no tratamento de miomas. Não esgotamos o tema, pois há muitas menções, às vezes, até, ‘escondidas’ em textos que se referem a outro assunto. No entanto, mesmo os que parecem mais eficazes carecem de embasamento. Assim, parece ser um campo muito promissor, porque inclusive pode permitir, em alguns casos, até mesmo economia, pois muitas das opções são acessíveis facilmente. Só depende do empenho em investir na pesquisa.

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* Ceci Mendes Carvalho Lopes é Assistente Doutora, Especialista em Fito-Ginecologia, da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.