quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mitos e Verdades em Ginecologia - parte II

Ginecologista Cidadão Responde 
Dr. Pérsio Cezarino, com colaboração Dr. Homero Guidi, urologista.  


Continuando nossa entrevista respondendo as perguntas e dúvidas da nossa paciente “preocupada”, que também podem ser as suas dúvidas:


Dr. Pérsio: Pensando na prevenção da saúde, que exames o senhor recomenda para minha filha de 18 anos, eu com 41anos e minha mãe que já esta com 67 anos e bastante saudável?

Resposta:
Para sua filha que já namora, com vida sexual ativa  em primeiro lugar recomenda-se o uso de anticoncepcionais orais, para evitar uma gravidez indesejada e a camisinha sempre para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. No aspecto médico  recomendam-se visitas regulares ao Ginecologista e exame de Papanicolaou ou também chamado de Citologia Oncótica (prevenção do câncer do colo do útero).
Para a senhora acrescentamos, além do que foi recomendado para a sua filha: Mamografia, Densitometria óssea (pelo menos uma, inicial) e exames bioquímicos básicos (glicemia, colesterol/triglicérides) a cada 3 a 5 anos.
Para sua mãe, tudo o que a senhora fez e mais ultra-sonografia transvaginal e abdominal.

É importante frisar que na idade adulta, não é só a saúde ginecológica que importa, não se pode descuidar de outros aspectos da saúde geral envolvendo a parte cardiológica principalmente e também outros aspectos em função do histórico e antecedentes de saúde da família. Uma coisa muito importante hoje em dia, por exemplo, são os tumores intestinais. Quem teve alguém, na linhagem familiar direta, sanguínea, que teve câncer de intestino,  tem  a recomendação de fazer uma colonoscopia, depois dos 45 ou 50 anos de idade, época em que geralmente começam a aparecer esses tumores.


Dr Pérsio: Tenho 55 anos, sou casada e meu marido tem 60 anos, percebo, conversando com minhas amigas, que elas não têm  desejo sexual, tentam “fugir” das relações sexuais. Na minha casa, com meu marido, tudo continua da mesma maneira desde quando nós  tínhamos 30 anos? Tenho algo de errado conosco?

Resposta:

Não.  O ato sexual faz parte do bem estar e da saúde do casal.  Na faixa etária de vocês existem alterações hormonais que podem diminuir vontade (libido) e o prazer (orgasmo), porém não existem regras gerais, e sim existe tratamento tanto para disfunção sexual masculina como a feminina.

A senhora e o seu marido estão com boa saúde nesse aspecto. Suas amigas é que estão numa situação anormal e devem procurar um ginecologista. O mesmo acontecendo com os maridos que eventualmente tenham problemas com a parte sexual deles  (geralmente a ereção e a libido). Problemas de ereção e libido são muito comuns conforme avança a idade. É fundamental que procurem um urologista e façam uma revisão da sua saúde masculina e geral, incluindo a parte hormonal, a ereção propriamente dita, saúde geral (o diabetes, por exemplo,  pode influenciar muito negativamente a atividade sexual do homem!), a próstata (que pode ser atingida por câncer com muita facilidade – 1 em cada 8 homens na população em geral). Isso tudo além de outras coisas que o homem não sabe e quando sabe, empurra com a barriga. Homem também pode sofrer da tireóide, necessitar de reposição hormonal, além das doenças causadas pelo fumo, por falta de exercício, obesidade, excesso de álcool, etc.


Dr. Pérsio: Tenho 45 anos fiquei desempregada. Como ter acesso ao SUS?


Resposta:

Pergunta muito oportuna, porém complexa.
O Sistema Único de Saúde –SUS, teoricamente, é de acesso universal a todos os brasileiros, mas o funcionamento muitas vezes fica aquém do desejado e o acesso torna-se difícil. A desinformação, contudo, contribui bastante para essa dificuldade.

Algumas noções básicas do seu funcionamento são fundamentais:

Inicialmente você deve fazer seu cadastramento e obter o seu cartão SUS, através dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) ou procurar na própria Unidade Básica de Saúde (UBS) em seu bairro. Para o atendimento ginecológico já pode agendar um Papanicolau e consulta com Médico de Família ou Ginecologista.  Uma vez tendo sido feito esse registro, a Sra. passa a fazer parte daquele núcleo ou unidade, que em muitos lugares e municípios são também unidades do Programa da Saúde da Família. Dessa maneira os ACS periodicamente vão alertá-la sobre a realização de exames que devem ser feitos de tempos em tempos, participar de grupos educativos em saúde e outras campanhas e programas.
Caso em seu bairro não exista Unidade Básica de Saúde ou Unidade do Programa de Saúde da Família procure informações Ministério da Saúde pelo número DISQUE saúde 0800 61 1997, ou pela página da secretaria de saúde de São Paulo: http://www.saude.sp.gov.br/.

Outro problema que estrangula o SUS  é a mania da população procurar o hospital diretamente para casos que não são urgentes, atrás de uma consulta via Pronto Socorro.  Ocupa o lugar de uma urgência de verdade e não recebe um tratamento adequado pois, geralmente, vai receber o atendimento do momento, sem possibilidade de um acompanhamento, necessário na maioria das vezes. Geralmente vai receber um encaminhamento de volta para a Unidade Básica e aí, a dificuldade é maior.

Quando o caminho é o inverso ele é muito mais fácil.

O Hospital das Clínicas  (HC), por exemplo, tem atendimento classifcado como  terciário, complexo, reservado para casos mais críticos e complicados. Recebe casos e pacientes já triados pelas unidades que atendem os casos mais simples. É muito custoso utilizar uma estrutura do HC para extrair uma unha, ou tratar uma diarréia de dois dias, uma dor de barriga. São casos que ocuparam e gastaram no lugar de outros casos mais complicados.

Dr. Pérsio: Moro no bairro Capela do Socorro, na Zona Sul da capital. Minha vizinha tem 3 filhos,  mas seu companheiro atual não é  o pai deles.  Quando ela sai para trabalhar nós frequentemente escutamos o marido dela  gritando e maltratando as crianças, que as vezes aparecem machucadas dizendo que "cairam" ou "bateram a cara na porta". A menina menor, de 7 anos, já foi vitima de abuso sexual e ele não deixou falar nada, pois  a minha vizinha também sofre agressões físicas e tem muito medo dele. Há alguns dias vimos seu olho direito arroxeado e vários outros machucados. Também disse que tinha "caido", mas na verdade teve muita gritaria na noite anteior. O que podemos fazer para ajudá-la? 

Resposta:
Infelizmente vemos que essas situações ainda ocorrem numa proporção maior do que imaginamos.
Há necessidade de buscar ajuda, de denunciar, no sentido de proteger as crianças e também a sua vizinha.
Órgãos que podem ser acionados:

Na vigência da agressão acione a Polícia  pelo  190.

-Delegacias da Mulher, unidades que existem em vários distritos policiais ou separadamente destes, ou mesmo, na capital a 1ª. Delegacia de Defesa da Mulher – Parque Dom Pedro São Paulo/SP
Tel.: (11) 3241-3328,24 horas, todos os dias.

Centro de Referência da Saúde da  Mulher (CRSM) -  Av. Brigadeiro Luiz Antonio,683, 2º andar. Fone: 3248-8080

Central de atendimento a mulher: Disque 180http://www.violenciamulher.org.br/ 

A violência contra as crianças deve ser encaminhada a qualquer Delegacia de Polícia que aciona os Conselhos Tutelares e Varas da Infância e Adolescência e, assim, todos os demais órgãos envolvidos com a Proteção à Criança e ao Adolescente, um assunto que está diretamente assegurado pela Constituição Brasileira.

Para ambas as situações, pode ser acionado o Disque Denúncia, que permite o sigilo e anonimato em situações mais delicadas, impedindo retaliações do denunciado.

Pelo telefone:
São Paulo e região metropolitana 181
Estado de São Paulo 0800-15-63-15

Pela internet