domingo, 24 de abril de 2011

Conduta baseada em evidência- Metodologia - introdução.

Gustavo B. Kröger

Medicina Baseada em Evidência é o uso consciente, crítico, e explicito da melhor evidência científica disponível para tomar decisões relacionadas ao cuidado dos pacientes. A prática da Medicina Baseada em Evidência busca encontrar a melhor integração entre a experiência clínica pessoal, as preferências dos pacientes, e as melhores evidências clínicas encontradas por pesquisa sistemática1.
A prática médica evolui com o tempo, novas tecnologias são incorporadas, novos estudos estimulam ou afastam determinadas condutas, porém o objetivo principal permanece o mesmo, cuidar do paciente da melhor forma possível, mas com novas informações sendo geradas a cada dia, tomar a decisão médica mais adequada tornou-se um desafio constante2.
O objetivo desse trabalho é auxiliar nessas decisões, a literatura mundial atual possui um grande número de informações, mais acessíveis que no passado, porém assim que encontramos uma evidencia científica importante, que pode ajudar na tomada de conduta, devemos decidir se a evidência traz informações adequadas e se essas podem ser aplicadas ao paciente. A metodologia aplicada nesse trabalho tem por objetivo conciliar informações da literatura médica sobre determinadas doenças, permitindo responder perguntas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico2.
O projeto deve ser elaborado na forma de perguntas objetivas, relevantes à prática clínica, cujas respostas buscam recomendar ou contra-indicar condutas sobre procedimentos diagnósticos, terapêuticos e preventivos, ou ainda apontando a inexistência de informações científicas que permitam a recomendação ou a contra-indicação.  Uma forma básica e das mais simples na utilização dessas ferramentas  incluem as revisões sistemáticas orientadas.
As seguintes etapas devem ser seguidas para o desenvolvimento de uma rrevisão sistemática, modelo de pesquisa fundamental para a aplicação da Medicina Baseada em Evidência:
1)                 Identificação do problema clínico
2)                 Formulação de uma questão clínica relevante e específica - PICO
3)                 Busca das evidências científicas em Bases Primárias e Secundárias
4)                 Avaliação crítica das evidências disponíveis
5)                 Elaboração da resposta à questão inicial com Grau de Recomendação
6)                 Avaliação da aplicabilidade clínica das evidências

A identificação do problema clínico e formulação da questão podem ser decompostas seguindo a estratégia “PICO”, acrônimo para Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes” (desfecho), componentes fundamentais para construção da pergunta para a busca de evidências na literatura médica.
A busca de evidências leva a identificação de termos descritores na estrutura PICO. Esses descritores devem então serem controlados para descritores MeSH do PubMed/Medline, podendo, por exemplo, serem os descritores MesH combinados com delimitadores AND, OR e NOT, resultando na estrutura de pesquisa para cada uma das perguntas.
A pesquisa leva à busca de evidência no PubMed/Medline, seguida de avaliação, de forma crítica,  das evidências disponíveis encontradas e se essas responderam a questão inicial e determinaram o grau de recomendação.
O grau de recomendação corresponde à força de evidência científica dos trabalhos encontrados, foi baseada nos centros de medicina-baseada-em-evidências em Oxford, e as diferenças entre o A, B, C e D devem-se exclusivamente ao desenho empregado na geração da evidência3:
A)                  Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B)                  Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C)                  Relatos de casos estudos não controlados.
D)                 Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.
As  respostas encontradas pelos pesquisadores devem ainda ser revisadas, buscando aumentar a consistência das respostas e com isso, a aplicabilidade clínica dessas.



Referências bibliográficas
1)   Sackett DL, Rosenberg WM, Gray JA, Haynes RB, Richardson WS. Evidence based medicine: what it is and what it isn't. BMJ. 1996 Jan 13;312(7023):71-2.
2)   Straus SE, Sackett DL. Applying evidence to the individual patient. Ann Oncol. 1999 Jan;10(1):29-32. Review.
3)   Bob Phillips, Chris Ball, Dave Sackett, Doug Badenoch, Sharon Straus, Brian Haynes, Martin Dawes.  Oxford Centre for Evidence-based Medicine Levels of Evidence November 1998. Updated by Jeremy Howick March 2009.