segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Diagnóstico da Endometriose: importância do exame especializado


Dr. Sérgio Podgaec

Setor de Endometriose da Divisão de Clínica Ginecológica do HCFMUSP


            Sabemos que a endometriose é uma doença freqüente e estima-se que afete 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, durante o período da vida em que ocorrem os ciclos menstruais e há possibilidade da mulher engravidar. A suspeita da presença dessa doença aparece quando a paciente apresenta dor em baixo ventre em diversas situações: durante o período menstrual (cólica menstrual); durante a relação sexual no fundo da vagina; de forma constante (sem relação com o fluxo menstrual); ou mesmo quando evacua ou urina, de forma cíclica, durante a menstruação. Além disso, importante salientar que não são todas pacientes com endometriose, mas, ao redor de um terço das mulheres com essa doença, podem ter algum grau de dificuldade para engravidar.
            Para chegarmos a um diagnóstico correto, é importante entender que existem três tipos diferentes de endometriose: lesões muito pequenas que podem estar presentes na região pélvica (chamada endometriose superficial), cistos de ovário (os endometriomas ovarianos) e as lesões maiores que 0.5cm (chamada endometriose profunda) que podem acometer diversos locais da pelve, como a região posterior ao útero, o fundo da vagina, o intestino e a bexiga, entre outros. Algumas vezes, os sintomas se relacionam ao local em que essas lesões se encontram, como por exemplo, nas pacientes com dor na relação sexual, há a possibilidade das lesões se concentrarem no fundo da vagina ou nas pacientes com sintomas intestinais e urinários, as lesões estarem presentes no intestino e na bexiga, respectivamente. Sabemos também que, por outro lado, há situações de pacientes com poucas lesões e dores severas e mulheres com grande quantidade de doença, livres de quaisquer sintomas.
            Assim, com esses conceitos e esses dados clínicos iniciais, o médico pode ter, no exame ginecológico, informações que direcionam o seu raciocínio. Isso ocorre, principalmente na presença das lesões profundas que podem ser reconhecidas durante o toque vaginal e também quando há cistos de ovário volumosos que podem ser sentidos nesse exame.
            Mas, quando há suspeita clínica da presença da endometriose,  o principal auxílio diagnóstico vem com os exames de imagem especializados na detecção da doença. Dizemos que o exame é especializado porque é feito por radiologistas experientes em conseguir avaliar todos os possíveis órgãos e regiões aonde as lesões podem surgir e por realizar-se um preparo intestinal simples antes do exame, que permite a visualização melhor dessas áreas do organismo. A ultrassonografia pélvica e transvaginal e a Ressonância Magnética, feitas nessas condições, são ambas capazes de detectar com alta precisão se há lesões profundas e cistos ovarianos com suspeita de endometriose, ressaltando-se que as lesões superficiais, por terem tamanho milimétrico, não aparecem em nenhum exame.
            É assim que, de forma muito precisa e segura, direcionamos todo o tratamento da doença, quer seja com medicações hormonais, quer seja indicando um procedimento cirúrgico. Esse cuidado é fundamental para se alcançar bons resultados terapêuticos no tratamento da endometriose.