Junho 2010
1. Introdução
1.1 – Quadro Clínico
Os sintomas da endometriose são variáveis e podem estar relacionados à localização da doença. As queixas mais freqüentes de mulheres com endometriose são dismenorréia, dispareunia de profundidade, dor pélvica crônica e alterações intestinais e urinárias durante o período menstrual, como dor e sangramento. Muitas mulheres percorrem consultórios ginecológicos por mais de 7 anos até se estabelecer o diagnóstico definitivo da doença.
O diagnóstico de endometriose deve ser considerado em todas as mulheres em idade reprodutiva com as queixas descritas acima. A associação de sintomas com alterações do exame físico são bastante indicativas de doença. Em 2005, Fauconnier e Chapron publicaram os principais sintomas álgicos relacionando com os locais acometidos pela doença e a tabela 1 resume estes sintomas.
A maioria dos serviços utiliza classificação da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), que divide em 4 grupos: mínima (I), leve (II), moderada (III) e severa (IV), como podemos observar na figura 1. No entanto, essa é uma classificação que recebe muitas criticas pois não relaciona-se à intensidade da dor, nem com o prognóstico de melhora desta com a realização dos tratamentos clínicos ou cirúrgicos, além de não valorizar os focos de endometriose em órgãos como intestino, bexiga e ureteres, relacionados à quadros mais graves da doença.
Figura 1 – Estadiamento de endometriose da American Society for Reproductive Medicine – ASRM – 1996
2. Avaliação por métodos de imagem
Atualmente, a avaliação cuidadosa permite a determinação dos locais de doença, o que possibilita programar de forma adequada o tratamento e antecipar possíveis dificuldades cirúrgicas e eventuais complicações intra-operatórias. O exame físico e a realização dos exames auxiliares são muito importantes para o planejamento terapêutico.
Os principais métodos de imagem utilizados para o diagnóstico da endometriose profunda são: ultrassonografia endoscópica transretal (USTR), ultrassonografia transvaginal (USTV) e ressonância magnética (RM).
Atualmente pode-se considerar a USTV (principalmente com preparo intestinal) como o exame de primeira linha na avaliação da endometriose profunda devido à sua alta acurácia, menor custo, maior numero de equipamentos instalados e à possibilidade de avaliar os demais sítios da doença, mas, para a sua realização a contento são necessários profissionais e protocolos especializados.
Sendo assim, um protocolo sugerido para avaliação das pacientes com suspeita de endometriose pode ser visualizado na figura 2.
Figura 2 – Orientação propedêutica no diagnóstico da endometriose – Protocolo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
QC=quadro clínico; USTV = Ultrassonografia transvaginal; USTR = Ultrassonografia transretal; RM = Ressonância Magnética